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Brasileiros pedem dinheiro para continuar no Suriname

Os garimpeiros brasileiros atacados por quilombolas na véspera de Natal, em Albina, cidade a 150 km da capital do Suriname, que se recusaram a voltar para o Brasil, querem agora a ajuda do governo brasileiro para retornarem ao garimpo. Sem trabalhar desde que foram forçados a abandonar a região, eles dizem esperar dinheiro do governo para recomeçarem a vida no Suriname.

- Ed Ferreira/AE

Na quinta-feira (31/12), funcionários da Embaixada do Brasil percorreram os hotéis em que estão hospedadas as vítimas dos ataques para saber exatamente quais foram as perdas de cada um. Muitos perderam tudo: roupas, ferramentas, mantimentos, documentos, ouro e dinheiro. Mas eles esperam um auxílio para continuar trabalhando no Suriname, mesmo aqueles em situação irregular. "Eu não tenho condições de recomeçar. Preciso de um empurrão pelo menos para voltar para dentro do garimpo. Quero saber o que o governo vai fazer para nos ajudar", disse Jamerson Muniz.

"O pessoal da embaixada só pegou os nossos dados, mas nada foi resolvido ainda. Eles disseram que vão tentar nos ajudar", contou Carlos Roberto. "Eu não tenho mais nada. Um dinheiro ia me ajudar a voltar para o garimpo", disse. "Sem dinheiro não temos como recomeçar", concordou José Coelho da Silva. Um dos garimpeiros estimou que o equivalente a 170 gramas de ouro – aproximadamente R$ 11 mil – seria suficiente para pagar o transporte de volta à área de garimpo. Além disso, calculou outro garimpeiro, eles precisam de recursos para a compra de equipamentos mínimos para viverem na região, como rede, bota, lanterna, alimentos e lençol.

Por enquanto, eles contam que só estão recebendo ajuda do governo para pagar a hospedagem em Paramaribo. A comida, dizem, é paga pelo governo do Suriname. Outros dizem que nem a hospedagem está sendo paga pela embaixada do Brasil. "Do governo brasileiro eu não recebi nem um paracetamol (remédio para febre e dor)", reclamou Deniclea Furtado, uma das vítimas do ataque.

Na quinta (31/12) e na sexta-feira (1/1), os brasileiros hospedados em um dos hotéis da capital ficaram sem café da manhã. No almoço, a dona do hotel comprou, com o próprio dinheiro, água para os garimpeiros. Diplomatas brasileiros afirmaram que estão estudando uma forma de ajudar. Mas argumentaram ter dificuldades, primeiro em mensurar as perdas que cada vítima sofreu, depois por ser politicamente delicado dar dinheiro e estimular quem vive de forma irregular em outro país.

Fonte: Estadão Online