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Em apoio a Zelaya, candidatos decidem deixar eleições em Honduras

Enquanto o governo golpista de Roberto Micheletti intensifica a campanha para incitar a população hondurenha a votar e faz contagem regressiva para as eleições do dia 29 de novembro, candidatos da esquerda desistem das candidaturas.

Por Daniella Fernandes, no Opera Mundi

Em meio a gritos dos protestos da resistência, cerca de 40 candidatos às próximas eleições hondurenhas entraram no TSE (Tribunal Supremo Eleitoral) para dar a conhecer suas renúncias, em apoio ao presidente deposto Manuel Zelaya.

Entre eles, estava a deputada do Partido Liberal, Margarita Zelaya, então candidata à vice-presidência. Ela afirma que a decisão foi tomada “para levar a voz de toda a gente da resistência, que tem sido reprimida, assassinada, golpeada e que já não pode protestar pelo temor de ser reprimida”.

“Meus princípios não me permitem ter uma dupla moral e apoiar um processo dirigido por quem tirou a democracia do povo, e que deixam preso o presidente legítimo dos hondurenhos”, afirmou.

Edgardo Castro, filiado ao Partido Liberal, o mesmo de Manuel Zelaya, desistiu por não apoiar o atual candidato, Elvin Santos. “Venho renunciar porque me daria vergonha acompanhar um candidato golpista como Elvin Santos, de participar em um processo feito por pessoas que estão ilegalmente no poder, mediante uma ditadura que mantém no poder Roberto Micheletti”.

Apesar de ser do mesmo partido de Zelaya, Santos, que já havia lançado sua candidatura a presidência no período em que o golpe militar foi dado, apoiou a atitude do Congresso de tirar o presidente do cargo. Em entrevista ao Opera Mundi concedida dois dias antes do golpe, ele afirmou que Zelaya queria “promover a anarquia em Honduras”.

Sem mencionar o motivo, candidatos do Partido Democrata Cristão, de posição centro-direita, também desistiram, como fez a atual deputada Marleni Paz. O partido União Democrática, por sua vez, teve dez desistências.

O candidato de esquerda à presidência Carlos H. Reyes já havia anunciado a renúncia no dia 9 de novembro. A razão, segundo ele, é o clamor popular. "Fizemos consultas a diferentes cidades do país, de diferentes maneiras, a mais de 11.000 pessoas, e 96% afirmaram que era melhor não participar", disse em entrevista ao Canal 3 de televisão.

Reyes é dirigente do sindicato da Cervejaria Hondurenha e membro da Frente de Resistência contra o golpe. O TSE ainda não contabilizou a porcentagem que as renúncias representam até o momento para as eleições.