"EUA são cúmplices de farsa em honduras"
Na noite do passado dia 5, o golpe de estado das Honduras encaminhou-se para um desfecho provisório de farsa. Micheletti, o líder do cuartelazo que sequestrou e deportou o presidente constitucional Manuel Zelaya, tornou publica a formação de um fantasmático “governo de unidade e reconciliação nacional”, presidido por ele, chefe do golpe.
Por editores de odiario.info
Publicado 09/11/2009 10:52
Ignorou, assim, ostensivamente o texto do Acordo de Guaymas, assinado a 30 de outubro pelos representantes de Zelaya e os seus. Esse documento estabelecia que a reintegração do presidente Zelaya seria submetida à votação no Congresso. A constituição do governo resultante do compromisso seria, portanto, posterior e os ministros indicados pelas duas partes.
Da Comissão de Verificação do Acordo faziam parte o ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos e o subsecretário de Estado dos EUA, Thomas Shanon.
Era do domínio público que Shanon – incumbido por Obama de substituir Hillary Clinton nas negociações sobre a crise hondurenha – tinha alcançado um acordo de bastidores com o milionário Pepe Lobo, líder do Partido Nacional.
Ambos são amigos e foram colegas na universidade estadunidense onde o politico hondurenho estudou. Lobo comprometeu-se a que os deputados do seu partido votariam no Congresso a favor da reintegração de Zelaya.
A contrapartida seria o reconhecimento por Washington da legitimidade das eleições de 29 de novembro nas quais, segundo as sondagens, Lobo é favorito. O apoio tácito dos EUA ao condiscípulo de Shanon foi aliás comentado por observadores internacionais.
Micheletti e os generais que o têm sustentado conseguiram, entretanto, que o Congresso adiasse a votação sobre o regresso de Zelaya à Presidência. O golpista que ocupa a presidência aproveitou a oportunidade para jogar às urtigas o Acordo de Guaymas e formar um governo de gente sua que incluiu alguns ministros do executivo fantoche.
Washington vai mais uma vez desaprovar oficialmente a atitude de Micheletti mas qualquer tímido protesto farisaico não pode ocultar a evidência.
O golpe foi organizado na embaixada dos EUA em Tegucigalpa. Sem o apoio inconfessado da Casa Branca, do Departamento de Estado e do Pentágono a Micheletti e à oligarquia local, Zelaya teria sido reintegrado há muito na Presidência.
Desceu o pano sobre mais um episódio da dramática farsa que faz das Honduras palco de um espectáculo de teatro do absurdo. Mas o desfecho é ainda imprevisível. A luta do povo das Honduras pela reintegração do seu Presidente continua.
Uma certeza: a responsabilidade do Presidente Obama na crise é hoje transparente para milhões de latino-americanos.
Fonte: odiario.info