EUA revogam novos vistos para pressionar golpistas
Os Estados Unidos revogaram os vistos de mais hondurenhos para tentar pressionar o governo de fato a acabar com a crise política que atinge o país da América Central há três meses, informou uma autoridade norte-americana nesta quarta-feira.
Publicado 21/10/2009 15:11
O governo de Honduras está em negociações para resolver o impasse iniciado com o golpe militar de 28 de junho que depôs o presidente Manuel Zelaya, que voltou ao país no mês passado e desde então está abrigado na embaixada do Brasil.
O porta-voz do Departamento de Estado Charles Luoma-Overstreet disse que o departamento cancelou os vistos de "um número de hondurenhos que são membros ou defensores do regime de fato. A ação é um reflexo da seriedade e urgência com a qual o governo dos Estados Unidos considera a necessidade do regime de fato de chegar a um acordo com o presidente Zelaya para restaurar a ordem democrática", disse Luoma-Overstreet.
Os Estados Unidos, que condenaram o golpe de Estado na América Central revogaram os vistos de vários diplomatas e autoridades hondurenhas após a deposição de Zelaya. Também foram revogados vistos para turistas ligados ao governo de facto. Luoma-Overstreet não disse quantos vistos foram cancelados na segunda-feira.
Apesar das sanções, a posição dos EUA em relação ao golpe é considerada dúbia. Zelaystas avaliam que o governo poderia ter sido mais firme, aplicando penalidades econômicas contundentes e atuando mais diretamente para restituir o presidente Zelaya.
Golpistas apelam a pressão psicológica
Os militares e policiais que cercam a embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde Manuel Zelaya e vários seguidores estão refugiados, foram bombardeados na madrugada desta quarta-feira com música a todo volume e outros tipos de barulho para impedir que dormissem, denunciou o assessor legal do deposto presidente hondurenho, Rasel Tomé.
"Temos sido desde ontem, a partir da meia-noite, bombardeados, através de alto-falantes, música a todo volume, de forma estridente, marchas militares, rock e todo tipo de música", declarou à rádio Globo.
"O que estamos vivendo (durante a noite) é próprio dessas operações psicológicas que o exército aplica contra outro exército",
O "bombardeio musical" aconteceu horas antes da reunião do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) prevista para esta quarta-feira, em Washington, para abordar a crise surgida do golpe de Estado de 28 de junho.
Antes do início da reunião, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, afirmou que nenhuma das partes em conflito está disposta a romper o diálogo e que a organização continua comprometida com uma solução pacífica.
Insulza reconheceu, no entanto, que há um processo de estancamento nas negociações e que é necessário se esforçar para levá-lo adiante. Segundo ele, é preciso discutir "sobre os pontos do Acordo de San José, e não sobre outros".
Com agências
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