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Orlando Silva diz que comunista e esporte tem tudo a ver

Em entrevista exclusiva ao Vermelho, o ministro Orlando Silva (Esporte) disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi peça chave para que os membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) escolhessem o Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Elogiou o trabalho dos comunistas na área de esporte e rebateu as denúncias sobre superfaturamento em gastos dos Jogos Pan-Americanos. Em 2010, revelou que deve ser candidato a deputado federal por São Paulo.

Orlando Silva

Vermelho – Qual o papel desempenhado pelo Ministério do Esporte para mais essa conquista, ou seja, o Rio escolhido como sede dos Jogos Olímpicos 2016?

Orlando Silva – Foi uma conquista do Brasil, mostra a força do país, o protagonismo que o Brasil viu nascer internacionalmente. É uma demonstração também de que o mundo evolui cada vez mais para uma situação de multilateralismo. Essa conquista parte de uma presença mais relevante do Brasil no mundo. É uma conquista da América do Sul que pela primeira vez vai realizar esse evento, um dos maiores do planeta. É uma conquista do esporte brasileiro, porque a Olimpíada é uma plataforma maravilhosa para a promoção do esporte e a difusão da cultura esportiva. O esporte vai entrar com mais força ainda na vida nacional. Nesse sentido, o Ministério do Esporte sai fortalecido também dessa conquista.

Vermelho – E o trabalho feito pelo ministério?

Orlando Silva – O ministério teve um papel chave. Primeiro porque foi quem cuidou dos Jogos Pan-Americanos. Não haveria Olimpíada se não houvesse Pan. A repercussão mundial que ele teve criou um ambiente favorável à conquista da Olimpíada. Dois terços dos eleitores do COI estiveram no Brasil durante o Pan. Então o ministério participou desse momento muito importante e participou de toda a campanha. O ministério era o governo federal na campanha Rio-2016. Então para nós é um motivo de muita felicidade a confiança que o presidente teve em nos atribuir essa tarefa. E agora é começar a trabalhar.

Vermelho – Qual o trabalho de preparação que deve ser feito?

Orlando Silva – O projeto que foi entregue ao COI é muito forte e nosso desafio é começar a tirar do papel. Nós temos que definir um cronograma de execução de investimentos, cronograma de melhoria de infraestrutura, o cronograma de obras e instalações esportivas e o cronograma de contratação dos serviços que serão importantes para acontecer durante os jogos Olímpicos. Será criado o que chamamos de Autoridade Pública Olímpica, uma espécie de um consórcio que vai reunir os três governos: federal, estadual e municipal. Nesse instante estamos trabalhando no desenvolvimento do projeto de lei que deve ir ao Congresso para a criação da autoridade.

Vermelho – O ministério não poderia ter um destaque maior na imprensa após a conquista dos Jogos Rio-2016?

Orlando Silva – Olha o ministério teve um papel chave em toda a campanha. Na votação em Copenhage, no período imediatamente anterior, entrou um personagem novo que é o melhor representante do Ministério do Esporte. Que é o presidente da República (risos). Então o presidente Lula é o próprio governo federal. Se na campanha o governo federal era o ministério na reta final, felizmente, nos contamos com o presidente que foi uma peça chave para o convencimento dos membros do COI quanta a importância e a possibilidade de realizar a Olimpíada. Então aqui e acolá ouço: Você deveria ter aparecido mais. Mais do que apareci eu não podia.

Vermelho – Recentemente foram publicadas matérias na imprensa dando conta de superfaturamento nos gastos do Pan. Como o senhor avaliou essas publicações?

Orlando Silva – A conquista da Olimpíada é um dos vetores centrais para definição de investimentos no Brasil. É um tema que passa a ser chave central da agenda nacional. Portanto, vai ser uma das principais vitrines da ação de governo do próximo período. E também aqui existe a luta política. O Tribunal de Contas da União (TCU) é o órgão responsável por fiscalizar contas públicas e tem um tempo próprio de exame dessas contas. Neste momento está sendo feito exame. O processo foi pautado por lisura, legalidade e conduta adequada. O TCU está avaliando pedindo informações complementares e o interessante: tudo o que tem de processo destacado em análise no TCU, esse é um dado que não tem circulado por aí, gerou uma atitude nossa. Qual foi? Não pagar a nenhuma empresa, nenhum fornecedor aquilo que foi levantado por questionamento por parte do TCU. E como não foi feito pagamento daquilo que foi questionado não há qualquer ônus, qualquer prejuízo, digamos assim, ao erário.

Vermelho – Quais lições do Pan servirão para serem aplicadas na Olimpíada?

Orlando Silva – Primeiro é fundamental que nós façamos um bom planejamento. Detalhado no limite para que possamos ter um cronograma de preparação da Olimpíada adequado e que facilite a boa utilização dos recursos públicos e reduza custo. O planejamento é um tema chave nesse período. Segundo, eu vou trabalhar obsessivamente para a máxima transparência no processo como apresentar balanços regulares à sociedade através da imprensa. É preciso preparar desde já o legado dos jogos, ou seja, o que vai ser utilizados das instalações, que intervenções (serão feitas) na cidade para melhorar a vida das pessoas.

Vermelho – O ministério ganhou projeção no Governo Lula. Outras forças políticas não estão de olho no comando da pasta?

Orlando Silva – O presidente Lula tem consciência de que é muito importante o trabalho nos três níveis de governo e um trabalho no interior do governo. Deve ser constituído um comitê interministerial para ordenar e orientar a ação do governo. E o ministério felizmente tem um protagonismo importante no próximo período. Isso é fruto de trabalho de uma equipe muito dedicada. Quem imaginaria em 2003 que o ministério alcançaria o patamar que alcançou hoje? Então eu acredito que não temos que nos preocupar com a disputa política. Nós temos é que trabalhar e afirmar-se na cena política e administrativa a partir do trabalho.

Vermelho – O que senhor acha do trabalho dos comunistas na área do esporte?

Orlando Silva – Eu diria que os comunistas têm sido aprovados na gestão pública e, em particular, na gestão pública do esporte. Isso porque trouxemos primeiro nossa capacidade de diálogo. No abcdário do PCdoB aprendemos que é muito importante manter os canais abertos do diálogo com a sociedade. Segundo a capacidade de envolver parceiros. Fazer parcerias e alianças. Isso tem sido muito importante para o trabalho do ministério e eu tenho orientado os nossos companheiros que estão por aí afora a valorizar muito isso. Terceiro, a dedicação absoluta ao trabalho. Nós aprendemos no partido também a disciplina, a concentração e a dedicação ao trabalho que é muito importante para alcançar os objetivos. No século 20 uma marca importante dos comunistas era a valorização do esporte. Não por acaso a China é a maior potência esportiva do planeta e não por acaso Cuba tem o peso que tem em nossa região. Então eu diria que comunista e esporte tem tudo a ver.

Vermelho – O senhor será candidato em 2010?

Orlando Silva – Sou militante e faço parte da direção nacional do partido e da direção do PCdoB de São Paulo. Tenho domicílio pessoal e eleitoral em São Paulo. O PCdoB pautou a necessidade de colocar meu nome para disputar um mandato à Câmara Federal. Esse é um tema que está sendo debatido e construído coletivamente no estado.

De Brasília,
Iram Alfaia