Sem categoria

Stiglitz alerta para efeitos do desemprego de 17% nos EUA

Joseph Stiglitz garante que a taxa de desemprego real nos EUA ronda os 17% e que o crescimento que se espera para 2010 é insuficiente para a começar a diminuir. E reconhece que o FMI, uma instituição que tem criticado ferozmente, esteve melhor nesta crise do que nas anteriores.

O Nobel da Economia está preocupado com o sistema financeiro americano, que diz estar numa situação precária. Apesar da revisão em alta das previsões de crescimento por parte do Fundo Monetário Internacional, que colocam os EUA novamente a crescer em 2010, Joseph Stiglitz não espera que o desemprego possa baixar. O Nobel da Economia de 2001 sublinha que "para muitos americanos a recessão não acabou" e que a taxa de crescimento do PIB que se projeta para o próximo ano (1,5%) é insuficiente para começar a reduzir o desemprego.

Na reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial, em Istambul, na Turquia, Stiglitz lembra que a taxa de desemprego nos EUA está nos 9,8% mas que o valor real — incluindo pessoas que deixaram de procurar emprego ou que trabalham em part-time por não conseguirem mais — ronda os 17%.

Sem contar que o patrimônio das famílias se degradou com a desvalorização do imobiliário, o que também prejudica a mobilidade no mercado de trabalho. "A casa é o principal ativo de muitas famílias e com os preços caindo a sua riqueza encolheu. Sem riqueza as pessoas não podem mudar", disse o economista.

O Nobel de Economia mostra-se ainda preocupado com o sistema financeiro norte-americano, que diz estar numa "situação precária", mas também com futuro do crescimento a nível global. “A grande incógnita é saber qual vai ser o motor da economia mundial. Nos últimos anos, foi o consumo norte-americano, com enormes consequências no seu endividamento e nos desequilíbrios globais”, destacou.

Sistema financeiro

Stiglitz confessa as suas dúvidas e deixa um alerta: "Mesmo quando consertarmos o sistema financeiro, vai continuar a haver o problema de saber o que fica no seu lugar [do consumo americano]". O economista tem sido um duro crítico da política do FMI, em particular durante a crise asiática do final da década de 90, reconhece que agora que "a resposta foi muito mais positiva e bastante mais construtiva durante esta crise".

Stiglitz recordou as palavras de Dominique Strauss-Khan, diretor do FMI, há dois dias, quando alertou para os riscos assimétricos que existem nas diferentes economias e recomendou que as medidas de estímulo econômico não sejam retiradas cedo demais.

Sobre o futuro do sistema financeiro internacional, o economista pede que o FMI faça a gestão do sistema financeiro global como não tem acontecido até agora. O que deve passar, na sua opinião, por um reforço dos seus poderes e eventualmente por um novo sistema de gestão de reservas internacionais.

Com agências