Sem categoria

Micheletti recua e anuncia que revogará Estado de Sítio

O presidente golpista de Honduras, Roberto Micheletti, anunciou nesta segunda-feira (05) que pedirá a seu gabinete de governo a revogação do decreto que suprimiu há uma semana as liberdades civis no país. A derrubada das restrições é uma das condições impostas pelo presidente constitucional, Manuel Zelaya, para que se inicie um 'diálogo sincero' como o governo de fato.

"É minha decisão revogar o decreto, mas a decisão será tomada com o Conselho de Ministros no dia de hoje para suspender as restrições", afirmou Micheletti em uma entrevista exibida por um canal local de TV. O polêmico decreto suprimiu as liberdades de movimento, reunião e imprensa e, sob o amparo do mesmo, o governo de Micheletti tirou do ar a Rádio Globo e o Canal 36, favoráveis ao retorno do presidente Manuel Zelaya, deposto em um golpe de Estado em 28 de junho e que está refugiado na embaixada do Brasil.

"Eu vou pedir a eles [ministros] que, assim como tomamos a decisão de impor o decreto, que nós o retiremos", disse Micheletti. Segundo ele, a decisão de 'anular totalmente' o decreto se deve ao fato de o país estar 'voltando à tranquilidade' e também pela reação internacional contra a medida.
O presidente golpista está sob pressão de todos os lados para revogar o estado de sítio. Da OEA (Organização dos Estados Americanos) até o próprio Congresso de Honduras e o empresariado, todos têm reclamado do decreto.

A decisão de Micheletti é anunciada nas vésperas da abertura do diálogo entre representantes de Zelaya e de seu próprio governo. Porém, para abris as conversas esta semana, Zelaya pediu ao governo de fato que levante o estado de excessão e o cerco militar à embaixada brasileira.

O resumo dos cem dias do golpe em Honduras parece uma trama de ficção: prejuízos milionários, isolamento internacional, violência com número ainda incerto de mortos e um presidente deposto sob mira de armas que depois regressa ao país clandestinamente e se refugia na Embaixada do Brasil.

Cansados dessa "novela", os hondurenhos de diferentes setores sociais querem o fim do impasse vivido desde a deposição do presidente Manuel Zelaya, no dia 28 de junho, e a tomada do poder por um grupo comandado pelo ex-presidente do Congresso Roberto Micheletti.

A pressão interna por uma solução talvez agora seja tão forte quanto a que vem sendo feita pela comunidade internacional. A defesa de um acordo parte tanto de camponeses pró-Zelaya como de militares e empresários leais a Micheletti, apesar das fortes desconfianças dos dois lados.

Tanto Zelaya como Micheletti moderaram seus tons. O líder deposto admite regressar à presidência com menos poderes e até responder na Justiça pelos supostos delitos dos quais o governo interino o acusa. Já MIcheletti voltou atrás no ultimato dado ao Brasil, que abriga Zelaya em sua embaixada, admite a possibilidade de deixar o cargo e agora anuncia voltar atrás no decreto.

Com agências