CEPAL e UNICEF denunciam abuso infantil na América Latina
Artigo divulgado em boletim da Cepal e do Unicef revela que crianças e adolescentes até 18 anos sofrem diariamente maus tratos físicos e psicológicos; No Brasil, Disque Denúncia já recebeu 51.972 denúncias de a violência física e psicológica contra Crianças e Adolescentes.
Publicado 26/08/2009 16:52
Um artigo divulgado na última segunda-feira revelou que crianças e adolescentes de até 18 anos, da América Latina e do Caribe, sofrem diariamente maus tratos físicos e psicológicos.
O estudo, publicado em um boletim da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, Cepal, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, foi baseado em pesquisas feitas em 16 países.
Formas de educação
A apuração também comprovou que uma alta porcentagem de adultos acredita que agressões físicas ou psicológicas são formas comuns de educação e socialização.
De acordo com as autoras do texto, a psicóloga Soledad Larraín e a sociologista Carolina Bascuñan, ambas do Unicef, o principal motivo que leva à violência doméstica contra crianças é o fato de que o pai ou a mãe passaram por uma experiência similar durante a infância.
Abuso crescente
Algumas pesquisas nacionais indicam que o abuso contra crianças é crescente, e raramente denunciado.
No Uruguai, um estudo conduzido em 2008 pelo Ministério de Desenvolvimento Social revelou que 82% dos adultos relataram algum tipo de violência física ou psicológica contra crianças dentro de suas casas.
No Brasil, de acordo com dados do Disque Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, o Disque 100, das 104.544 denúncias recebidas de maio de 2003, quando o serviço começou a funcionar, até julho de 2009, 51.972 são referentes a violência física e psicológica.
Prevenção
A gerente de projetos do Unicef no Brasil, Helena Oliveira, contou à Rádio ONU, de Brasília, como a violência doméstica contra crianças e adolescentes pode ser prevenida: “O diálogo é fundamental. A atenção a outras estratégias de socialização da criança também é muito importante. Uma preocupação é ter metodologias de atenção e de abordagem”, diz a gerente de projetos do Unicef no Brasil.
Helena Oliveira disse ainda que a agência produziu, no início deste ano, um vídeo educativo com a personagem de história em quadrinhos Mônica, embaixadora do Unicef, que mostra que a violência doméstica não é um processo educativo, e que a criança precisa crescer sem violência.
“É fundamental ser cada vez mais enfático sobre essas formas de educar crianças, que só têm a reproduzir violência. A criança não nasce violenta, ela se torna na medida em que são incentivadas essas práticas como coisas naturalizadas”, recomenda Helena.
Segundo a gerente de projetos, o Unicef tem como meta agir com estratégias de prevenção e redução da violência doméstica.
As autoras do estudo dizem que o abuso infantil pode causar danos psicológicos e físicos, problemas de desenvolvimento e, em alguns casos, pode levar à morte.
Fonte: Rádio das Nações Unidas