Sem categoria

Com hipocrisia e imposições, Israel fala em aceitar Estado palestino

Em discurso neste domingo (14), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que apoia um Estado palestino, mas apenas se for completamente desmilitarizado. A declaração parece bastante hipócrita vinda do país mais militarizado do Oriente Mé

Para Netanyahu, os palestinos devem aceitar a existência de Israel e não devem ter exército ou controle do espaço aéreo.”Se recebermos essa garantia de desmilitarização e os arranjos de segurança exigidos por Israel, e se os palestinos reconhecerem Israel como nação do povo judaico, estaremos preparados para um acordo de paz real e para alcançar uma solução que inclua um Estado palestino desmilitarizado ao lado do Estado judaico”, disse Netanyahu.


 


“Israel está comprometido com acordos internacionais e espera que as demais partes também cumpram suas obrigações”, disse ainda Netanyahu em mais uma declaração duvidosa, já que Israel vem ignorando e descumprindo sistematicamente todas as resoluções da ONU e de organismos internacionais que condenam as constantes agressões israelenses contra os povos vizinhos.



O discurso foi antecipado por pressão do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que quer formalizar a paz no Oriente Médio. Mas Israel recusou a exigência do presidente norte-americanode interromper a expansão dos assentamentos judaicos que roubam terras dos palestinos, seguindo os termos do “mapa do caminho” para a paz, traçado em 2003. A inversão da posição de Netanyahu em relação ao Estado palestino parece ser uma tentativa de pôr fim à maior diferença nas relações EUA-Israel em uma década. Mas outros atritos parecem prováveis devido a sua recusa em ceder com relação aos assentamentos.



Em seu discurso, Netanyahu, que lidera a coalizão governista de viés direitista, pediu ainda que as negociações de paz com os palestinos sejam retomadas imediatamente, sem condições prévias. Ele propôs um encontro com líderes árabes para discutir a questão. .



Em Tel Aviv e Jerusalém, judeus ortodoxos protestaram contra a aceitação de acordos com o lado palestino.


 


Autoridade Palestina condena discurso


 


O premiê –mostrando-se inspirado para dar declarações eivadas de hipocrisia– afirmou ainda que um Irã dotado da bomba atômica é “a maior ameaça para Israel e para o mundo inteiro. “Vou trabalhar particularmente nas minhas próximas viagens por uma coalizão internacional contra o armamento nuclear do Irã”, disse. Netanyahu só esqueceu de comentar que Israel é o único país do Oriente Médio a ter bombas atômicas. Seu programa nuclear semi-clandestino, que não está acessível a inspeções de organismos internacionais, possui mais de 80 ogivas nucleares.



A ANP (Autoridade Nacional Palestina) condenou o discurso do primeiro-ministro israelense e rejeitou todas as condições que ele colocou para solucionar o conflito do Oriente Médio.'Não estamos surpresos com o que ele disse, mas ao mesmo tempo condenamos todas suas declarações', disse o negociador-chefe da ANP, Saeb Erekat.



Segundo ele, Netanyahu não reconheceu o problema dos refugiados, nem a solução de dois Estados para dois povos, e 'se limitou a pôr condições impossíveis aos palestinos'.



'Todas essas condições prévias são inaceitáveis para nós', assegurou Erekat, para quem o primeiro-ministro israelense 'não tratou com profundidade nenhuma das questões do estatuto final' que é preciso ser negociado.



Já Rafik al Husseini, chefe de gabinete do presidente da ANP, Mahmoud Abbas, assegurou que 'com o discurso, Netanyahu declarou guerra aos palestinos e ao mundo inteiro'. 'O que fez é negar todos os princípios que a comunidade internacional considera básicos para conseguir uma solução pacífica entre israelenses e palestinos', comentou.



O movimento islâmico Hamas, que controla a faixa de Gaza, denunciou o caráter “racista e extremista” do discurso feito pelo primeiro-ministro israelense. “O discurso reflete a ideologia racista e extremista de Netanyahu e ignora todos os direitos do povo palestino”, disse à agência de notícias France Presse o porta-voz do Hamas, Fawzi Barhum.


 


Da redação,
com agências internacionais