Mercado não garante moradia a todos, diz relatora da ONU

Professora brasileira, Raquel Rolnik, diz na Assembléia Geral que casa não é mercadoria e pede pacote para socorrer milhões que foram despejados por crise financeira.

A relatora especial das Nações Unidas para o Direito à Moradia Adequada, Raquel Rolnik, afirmou que o mundo precisa de um novo pacto para garantir habitação a todos. A mensagem foi entregue nesta quinta-feira (23) à Assembléia Geral da ONU.



Ela participa de um debate, em Nova York, com os demais relatores especiais da organização.



Serviço Básico



Nesta entrevista exclusiva à Rádio ONU, antes do discurso, a professora brasileira de Arquitetura e Urbanismo, disse que a crise hipotecária nos Estados Unidos, e outras partes do mundo, provou que o mercado não garante o acesso de todos à habitação.



“Evidentemente, este modelo fracassou. A maior parte das pessoas do planeta não tem recursos para comprar, entre aspas, esta mercadoria. E nós estamos deixando de ver a habitação, a moradia, como um direito. Como um serviço básico que a sociedade tem que prover para todos os seus membros”, afirmou.



Pacote



A relatora da ONU afirmou que os milhões de moradores forçados a deixar suas casas também deveriam receber um pacote como o obtido pelos bancos que sofreram com a inadimplência causada pela crise hipotecária.



“Quais são os esquemas e onde estão os bilhões de dólares para salvar estas pessoas que ficaram sem casa? Acho que essa é uma questão fundamental neste momento, em que o mundo está discutindo medidas internacionais e nacionais para segurar a crise financeira. Quais são as medidas que servirão para segurar a crise pessoal e financeira dos que vão ficar sem casa?”, indagou.



Raquel Rolnik, professora de Arquitetura e Estudos Urbanísticos da PUC de Campinas, foi nomeada relatora especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU em maio.