Complexo Maravilha é a primeira ação do PAC no Ceará
Há mais de 45 anos, a Comunidade Maravilha vem lutando por melhores condições de moradia. A primeira etapa do Projeto Integrado de Urbanização da Comunidade Maravilha, que beneficia 144 famílias, foi finalizada no último dia 09 de novembro. As famílias re
Publicado 28/02/2008 09:57 | Editado 04/03/2020 16:36
“Os beneficiários já chegam as suas casas com água encanada e energia à disposição. Todos os beneficiados são incluídos no cadastro de baixa renda e estão cientes de que, dali pra frente, terão de pagar suas contas”, salienta Olinda Marques. O conjunto Planalto Universo, novo endereço das 144 famílias, possui dois tipos de blocos de apartamentos adequando-se ao tamanho das famílias. O bloco tipo um, de 42m², contará com sala, dois quartos, cozinha e banheiro. Já o bloco tipo dois, de 50m², contará com sala, três quartos, cozinha e banheiro.
A família de Ana Paula da Silva Oliveira, 25 anos, foi uma das primeiras transferidas. Há seis anos, ela vivia em um barraco de madeira muito próximo ao Canal do Tauape. A mãe e a irmã participaram da remoção, todos muito sensibilizados porque, finalmente, ela obteve o direito à moradia digna. Dali por diante, ela passou a viver com o marido, que é pensionista do INSS, e seu filho de seis anos, em uma casa que atende a seus anseios. Bastante emocionada falou: ''é muita felicidade. Assim que abri a porta, não acreditava no que estava vendo''.
Para a presidente da Associação de Moradores e Amigos da Maravilha, Nilzete Sales, a política habitacional da prefeitura de Fortaleza não vem se preocupando apenas com a moradia, mas também com saneamento, saúde, cultura. “As crianças da nossa Maravilha terão creche, todas as pessoas serão beneficiadas com equipamentos sociais. Isso é muito mais do que moradia digna apenas, isso é dignidade plena, é investir na qualidade de vida das pessoas. Nossa gente está deixando de sobreviver somente para viver bem'', testemunha Nilzete.
Segundo estudo feito para execução do projeto, das 606 famílias que serão contempladas pelo projeto completo, 70% despejam esgoto no riacho, 27,8% utilizam fossas, 27% usam energia elétrica clandestina, 97% ganham no máximo três salários mínimos e 51% ganham até um salário. ''Só penso em ter um lugar melhor para morar. Não agüento mais tanta enchente, lixo e ratos. Só quem sabe mesmo é quem sofre''. O depoimento é da catadora Maria de Fátima Albuquerque, a ''Ronaldinha'', que já enfrentou cinco períodos chuvosos em um dos barracos construídos às margens do canal que cruza a BR 116. Segundo ela, os moradores já haviam perdido as esperanças de que algo mudasse, não podiam crer numa rotina diferente daquela que sempre enfrentaram: a de viver entre valas de esgoto, cercados por lixo e entulho. Para eles, agora surge uma expectativa de melhoria de vida, com as obras de urbanização.
Demanda do Orçamento Participativo – OP, a obra de todo o Complexo, executada pela Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza – Habitafor, é a primeira ação do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC no Ceará, estando orçada em mais de R$26 milhões.
Projeto da Habitafor é único do Brasil selecionado para participar do XII CIFAL
A Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza – Habitafor foi selecionada, através do Projeto Integrado de Urbanização da Comunidade Maravilha e seu entorno, para participar do XII CIFAL (Centro Internacional de Formação de Autoridades Locais) , em Curitiba/ PR, no último mês de novembro. Foram apenas três os projetos selecionados, um em nível africano e dois em nível latino-americano. O único projeto brasileiro selecionado foi o da Habitafor.
O XII CIFAL, que acontece através do tema ''Áreas de Risco: Ações Integradas para Inclusão Social'', reúne autoridades da América Latina, Caribe e África de língua portuguesa. O encontro debate políticas públicas de inclusão social por meio de intercâmbio de informações e experiências, de capacitação dos agentes públicos locais, objetivando contribuir para o desenvolvimento de ações que levem à redução da pobreza e da desigualdade social.
De Fortaleza,
Caroliny Braga