Em carta de dez páginas a Chávez, Fidel analisa China

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou neste domingo (29) ter recebido uma carta de dez páginas de Fidel Castro, na qual o líder cubano elogia o “socialismo de mercado” da China. “Recebi uma carta dele, a qual li várias vezes ontem à noite porqu

A declaração foi dada a jornalistas antes de começar a reunião de presidentes da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba). Chávez disse que Fidel refletiu na carta sobre a experiência do falecido guerrilheiro Ernesto Che Guevara (1928-67) e do líder chinês Mao Tse Tung (1893-1976) quando começaram os debates sobre o socialismo nos anos 60.


 


Na carta, Fidel “falou de Mao Tse Tung e do projeto de Mao e termina dizendo como a China, com sua estratégia de socialismo de mercado, conseguiu converter-se hoje numa superpotência e será a grande superpotência do século 21”. Segundo Chávez, “no fundo, Fidel, depois de filosofar muito, de falar de história, do Che, do Mao, da experiência cubana e chinesa, quis dizer uma grande verdade, que é preciso admirar: o socialismo do século 21 tem de se ajustar às circunstâncias do século 21”.


 


O venezuelano, líder da Revolução Bolivariana, tem sido um privilegiado porta-voz da condição de saúde de Fidel, sempre dando notícias sobre o líder cubano, que neste fim de semana se ausentou da primeira reunião de cúpula da Alba, em Barquisimeto (oeste de Caracas). O encontro reúne Chávez e os também presidentes Evo Morales, da Bolívia, Daniel Ortega, da Nicarágua, René Preval, do Haiti, e o vice cubano Carlos Lage.


 


George Soros


 


Sobre a autenticidade da assinatura de Fidel na carta, Chávez foi enfático: “Há grafólogos aí dizendo que essa assinatura pode não ser de Fidel, que um homem de 80 anos, à beira da morte, como dizem que ele está, não pode assinar assim”, afirmou Chávez ao mostrar a carta na reunião.


 


O líder cubano também faz um resumo do livro de George Soros Tempos Incertos – Democracia, Liberdade e Direitos Humanos”. Fidel datou a carta no dia 27, às 18h30. Sobre a reaparição pública de Fidel, da qual Evo se disse “convencido”, Chávez riu e brincou: “Acho que Evo e Fidel têm um plano secreto do qual nem eu tenho conhecimento. Não ousarei especular.”


 


Apesar da ponderação, Chávez disse: “O que sinto, além do empenho de Evo em fazer com que Fidel reapareça em 1º de maio, é que Fidel está no comando”. O governante venezuelano revelou que o dirigente cubano ordenou que, caso morresse na crise de saúde que sofreu em meados do ano passado, Chávez fosse informado antes da divulgação da notícia.