Crise aérea adiou reforma no Ministério da Defesa
A crise aérea e seus desdobramentos, com as paralisações dos controladores de vôo, adiaram as discussões, no governo, sobre uma reforma do Ministério da Defesa, segundo revelou ontem o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao sair do almoço com
Publicado 05/04/2007 18:35
Aos jornalistas que participaram do almoço dos presidentes, Lula negou que possa substituir Waldir Pires no ministério da Defesa. ” Não tem troca de ministros; a reforma ministerial acabou ” , disse, com veemência. E, sorridente, brincou, em portunhol: ” Se queden tranqüiles ” .
Na transição para o segundo mandato, a agência Reuters chegou a noticiar que o governo planeja mudanças nas ações do Ministério da Defesa, para ligar a estratégia de reequipamento das Forças Armadas a uma política de estímulo às indústrias nacionais, com incentivos à produção de equipamentos no país. O debate sobre o tema perdeu espaço para especulações sobre a possível queda do ministro, surpreendido pelo motim dos controladores de vôo na semana passada. Pires é alvo de descontentamento por parte dos comandos militares, que se irritaram com as intervenções conciliadoras do ministro nas conversas com os controladores.
Ontem, também presente ao almoço com o presidente equatoriano, Waldir Pires foi lacônico quando perguntado sobre a crise. Admitiu ter sido surpreendido, em viagem para o Rio, com a paralisação dos sargentos da Aeronáutica. Pires fez questão de afirmar que o ministério não tem ” gestão direta ” , ou ” administração legal ” sobre o setor de controle aéreo, apontando, indiretamente, para a responsabilidade do comando da Aeronáutica na crise. ” Ocorreram erros ” , comentou, sem informar, porém, quais seriam os erros e quais os responsáveis por eles. ” Não se repetirá esse clima ” , garantiu o ministro, evasivo, ao falar dos conflitos entre oficiais da Aeronáutica e seus subordinados no controle do espaço aéreo.
Na prática, Waldir Pires, que tinha pouca ascendência sobre os comandantes das Forças Armadas, tornou-se figura decorativa, sem poderes no ministério. Já se especulava, ontem, em Brasília quem poderia substituir o ministro, e chegaram a ser citados os nomes do ex-presidente da Câmara, Aldo Rebelo, que já foi presidente da Comissão de Defesa Nacional e Relações Exteriores na Câmara, onde ganhou confiança dos militares, apesar de pertencer ao Partido Comunista do Brasil. Rebelo é apontado como favorito, embora interlocutores de Lula tenham ouvido do presidente que ele gostaria de ter, para o cargo, alguém com o perfil do ex-presidente do Senado, José Sarney.
Novamente abordado por repórteres, à saída do almoço, o presidente Lula voltou a garantir, porém, que Waldir Pires está prestigiado no cargo. ” Por enquanto ” , sua demissão não está nos planos do governo. ” Ministro, sou eu quem ponho e sou eu quem tiro; eu quis pô-lo, se um dia eu tiver que tirá-lo, eu o tirarei ” , disse Lula. ” Por enquanto, não é essa a questão ” . A questão, segundo o presidente ” é que a Aeronáutica assumiu como deveria, desde o começo, a responsabilidade de manter a aviação aérea civil funcionando corretamente ” . Caberá ao comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, e não ao ministro da Defesa, encontrar a solução para os problemas que levaram à paralisação dos vôos comerciais no país, de acordo com a determinação do presidente da República.
Fonte: Diário de Pernambuco