Sem salto alto, Lula acelera campanha de rua
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acelerou esta semana a sua campanha pela reeleição, principalmente através de comícios, apesar das pesquisas Datafolha e Ibope que mostram uma vantagem confortável e crescente sobre seu adversário Geraldo Alckmin (PS
Publicado 17/10/2006 15:08
As agendas dos dois candidatos se diferenciaram. Alckmin suprimiu a participação em comícios no segundo turno, preferindo alternar caminhadas com encontros em recinto fechado. Lula, pelo contrário, vai de palanque em palanque, em busca do contato direto com o povo que é reconhecidamente o seu forte. Ontem em Campina Grande (PB), ele afirmou que “o que está em disputa é como será escrita a história do Brasil, já que a própria história do Brasil nunca previu que o pobre chegaria ao poder”. As quase 30 mil pessoas que lotaram o Parque do Povo (número dos organizadores) quase vieram abaixo.
“Nós entramos para mudar”
“Não podemos continuar num país em que uma parte é desenvolvida e a outra passa fome. E isso não é favor para os pobres, é justiça. Nós não podemos ter dois brasis. E nós fazemos isso porque somos humanos, de consciência e coração”, afirmou o presidente.
Lula opôs sua plataforma ao “projeto de uma elite que vendeu o patrimônio público para pagar a dívida”. E deu os números: “Arrecadaram US$ 98 bilhões e deixaram o país quebrado. Mas nós entramos para mudar. Primeiro, não privatizamos nenhuma empresa pública. Segundo, criamos as condições e tiramos o FMI do Brasil”, disse Lula. O tema das privatizações tornou-se um ponto fraco de seu adversário: parte do eleitorado desconfia da promessa de Alckmin, de não privatizar mais, devido aos antecedentes desestatizantes dos tucanos nos governos federal e de São Paulo.
“Por isso que eles estão bravos”
O presidente criticou seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, por não ter investido quase nada no Nordeste. “Eles nunca olharam para o Nordeste porque eles só olham para os mais pobres em época de eleição. E é por isso que eles estão bravos. Vocês viram meu adversário no debate? Ele está com a gota serena. Eu fiquei tranqüilo, pois quem tem razão tem que ter calma”, disse o presidente, com ironia.
Lula também alfinetou Alckmin por ter se retirado de uma carreata em João Pessoa, devido ao calor, para se recompor no hotel. “Ainda tenho comícios para fazer hoje em Mossoró e Belém, e amanhã em Manaus. Como sou nordestino, e o calor não me faz mal como faz para alguém, não faz mal eu ficar aqui”, disse.
Aldo: Nordeste não é curral
Lula estava ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB); do prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego (PMDB), e do candidato peemedebista ao governo da Paraíba no segundo turno, José Maranhão.
Aldo Rebelo afirmou que todo o povo nordestino tem que votar em Lula, porque ele é o único que conhece a região, ao contrário dos adversários que sempre encararam o Nordeste como curral eleitoral. O candidato do PMDB ao governo da Paraíba, José Maranhão, criticou o PSDB por ter abandonado o Estado na época de FHC. “Meu plano de governo vai caminhar lado a lado com o governo federal. Entre nossos projetos está o de complementar o Bolsa Família no estado”, disse Maranhão, acrescentando: “Vamos fazer a política dos pobres, porque a dos ricos já está feita”.
Em Mossoró (RN), Lula denunciou os tucanos por alimentarem o preconceito contra os nordestinos. “Eles acham que somos homens e mulheres de segunda categoria. Eles acham que não temos direito de partilhar da riqueza produzida neste país”. De lá, seguiu para Belém, a tempo de encerrar o comício da candidatura Ana Júlia, que disputa o governo do Pará no segunto turno.
Com agências