Após conflitos, Evo estuda nacionalizar mineração boliviana
A morte violenta de 16 pessoas em confrontos pelo controle da mina Huanuni (299 km ao sul de La Paz) força a busca urgente de um plano para reativar a mineração estatal, que passa pela nacionalização das concessões improdutivas. A opinião é do presidente
Publicado 09/10/2006 09:22
“Não se pode esperar mais, é preciso nacionalizar as concessões mineradoras sem investimento”, declarou o chefe de Estado neste domingo (8/10).
O presidente pediu a seus colaboradores medidas para potencializar a mineração estatal e, ao mesmo tempo, reanimar as cooperativas privadas de mineiros.
Morales está pressionado porque em Huanuni, onde neste domingo foram sepultados os 16 mineiros mortos em confrontos a tiros e dinamite, entre quinta e sexta-feira, continua sendo um barril de pólvora apesar das duas partes, mineiros cooperativados e sindicalizados, terem concluído uma frágil trégua.
Disputas
O presidente vê como salvação para o setor o resgate da estatal Corporação Mineira da Bolívia (Comibol), em estado residual desde 1985, quando 30 mil mineiros foram jogados nas ruas.
Os mineiros de Huanuni disputam “Patiño”, a única mina de estanho desenvolvida desde a década de 1930 e que nos últimos dez meses foi explorada por uma e outra parte de forma compartilhada, mas sempre em meio a críticas e suspeitas.
Os sindicalizados defendem os métodos sustentados que empregam para buscar estanho por uma intrincada rede de galerias úmidas e quentes mais de 3 km abaixo da superfície e acusam os cooperativados de “roubar” o equipamento deixado nas profundezas e explorá-lo “irracionalmente”.
O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, reuniu as propostas de vários setores e especialistas, inclusive as apresentadas pelas partes em confronto, antes dos incidentes de quinta e sexta-feira, em busca de um projeto que não deixe ninguém de lado.
“Não estamos em condições de descartar o trabalho feito. Certamente será recuperado o melhor das propostas apresentadas”, disse o funcionário.
Huanuni está situada em uma jazida de estanho, mas só a mina “Patiño” está operando. As cooperativas de mineiros deram uma concessão a outra mina do metal, a “Cuchillani”, que para ser explorada precisa de um investimento de US$ 50 milhões.