Defesa usará ligação de terrorista com Bush pai

A defesa do terrorista internacional Luis Posada Carriles examina mais uma manobra para a libertação do criminoso.

"Estamos tentando estabelecer que Luis Posada sempre foi um instrumento empregue e pago pelo governo deste país (Estados Unidos), que agora, por conveniências políticas, pretende qualificar de terroristas as mesmas atividades que antes promoveu", alegou o advogado Eduardo Soto. De acordo com a edição em espanhol do jornal The Miami Herald, Soto pretende recorrer ao senador e ex-candidato presidencial John Kerry e a Oliver North, figura importante do chamado Irã-Contras, realmente um escândalo de tráfico de drogas. Segundo o advogado, Kerry, North e "mais outros" poderiam ser chamados como testemunhas, para demonstrarem que seu cliente agiu, durante anos, sob a condução e o respaldo do governo estadunidense. Um dos pontos para a defesa chantagear o governo é a participação de Posada Carriles em ações contra a revolução sandinista, particularmente sua ligação à troca de armas por drogas, cuja figura central foi o vice-presidente George Bush pai.
 

O escândalo veio a público ao transcender que os Estados Unidos financiavam os grupos contra-revolucionários nicaragüenses com dinheiro proveniente dessa troca de drogas por armas. A operação era executada pela Agência Central de Inteligência (CIA) e dirigida por Oliver North, nessa etapa membro do Conselho de Segurança Nacional, sob as ordens de Bush pai. Segundo a opinião de Soto, o senador Kerry foi "uma peça chave na investigação do caso Irã-Contras", e possui conhecimento suficiente dos informes e depoimentos que registram a participação de Posada, ex-agente da CIA, nesses fatos. Sob o codinome de Ramón Medina, o criminal estava na base de Ilopango, em El Salvador, quando eclodiu o escândalo, em 1986, após ter sido derrubado na Nicarágua um avião estadunidense, pilotado por Eugene Hassenfus.

Kerry interveio então nas investigações sobre as implicações do Conselho de Segurança Nacional (NSC) no fornecimento de armas à ‘contra’ nicaragüense, utilizando os ganhos das ventas de armas ao Irã. No julgamento a Posada Carriles, previsto para 6 de julho próximo, em um tribunal federal em El Paso, Texas, o tribunal avaliará o pedido de habeas corpus para o terrorista, apresentado em abril último. Soto quer que as autoridadees libertem o criminoso e que lhe seja outorgada a cidadania estadunidense, como pagamento por seus serviços ao Exército norte-americano, de 1963 a 1965, durante a guerra do Vietnã e, anos depois, como agente pago em operações na América Central e em outros fronts da CIA na América Latina.

Antecedentes
O delinqüente internacional se encontra em um centro de detenção no Texas, onde foi recluído em maio de 2005, após aparecer em público em Miami e se descobrir sua entrada ilegal aos Estados Unidos. Até agora, só tem sido julgado por esse delito migratório, apesar da solicitação de extradição apresentada pela Venezuela, cuja justiça o está reclamando por sua responsabilidade no atentado a um avião cubano, en 1976, ação na qual morreram 73 pessoas. Posada fugiu do cárcere venezuelano com a ajuda de funcionários norte-americanos e venezuelanos, para se unir a Félix Rodríguez Mendigutía, que precisava dele como baluarte do escandaloso tráfico na América Central.
 

Seus antecedentes criminosos também incluem o planejamento de uma série de atentados à bomba, em 1997, contra instalações turísticas de Havana, numa das quais morreu o jovem italiano Fabio di Celmo. Posada Carriles entrou ilegalmente nos Estados Unidos após ter sido indultado, em 2004 pela ex-presidenta panamenha Mireya Moscoso, antes de deixar o cargo. Junto com outros três terroristas, cumpria uma sentença num cárcere do Panamá, após organizar um atentado contra o presidente cubano, Fidel Castro, durante a Cúpula Ibero-americana do ano 2000, efetuada nesse país.

 

Com informações do jornal
Granma Internacional