Esporte como instrumento de inclusão social
Confira Entrevista – Milton Alves – Presidente da Paraná Esporte
Publicado 04/06/2006 08:07 | Editado 04/03/2020 16:55
Desde o início de abril, a Secretaria de Esporte do Governo do Estado – a Paraná Esporte – vem sendo gerida pelo paraense de nascença, mas paranaense de coração Milton Alves. Presidente estadual licenciado do PCdoB e membro do diretório nacional do partido, o atual dirigente da autarquia foi designado pelo governador Roberto Requião para continuar a tarefa de democratizar o acesso da sociedade ao esporte e ao lazer. “A prática esportiva pelo povo é a prioridade central da minha gestão. Por determinação do governador, entramos na fase de democratizar o acesso das massas populares ao esporte e ao lazer”, reafirma Milton.
Respaldado pelas políticas públicas desenvolvidas pelo Ministério do Esporte, cujo ministro é Orlando Silva, também camarada do PCdoB, Milton Alves persegue a perspectiva já palpável de construir um sistema público de esporte e lazer.
Para ele, a combinação do esporte com a educação é perfeita para melhorar o aprendizado da juventude e que o segmento esportivo paranaense tem muito a agradecer ao compromisso militante do secretário da Educação Maurício Requião. “A combinação dos programas esportivos com os de educação, a exemplo do ‘FERA’ e do ‘Comciência’, potencializam e estimulam o desenvolvimento pedagógico e intelectual da juventude por serem atividades lúdicas, de experimentação científica e de práticas físicas saudáveis”, ressalta.
A seguir, leia entrevista concedida por Milton Alves.
Pergunta – O PCdoB não está ideologizando o esporte ao dar a ele um sentido organizativo?
Milton – Absolutamente. A experiência mostra o contrário. Veja o exemplo de países como Cuba e Estados Unidos. Eles têm em comum a disputa pela hegemonia nas modalidades, mas também utilizam os resultados obtidos nas Olimpíadas como fator de propaganda positiva de seus países. Os cubanos e os norte-americanos só conseguem os resultados que conseguem com muito investimento e, sobretudo, organização. Os dois países criaram sistemas públicos de esporte baseados nas escolas e universidades. São modelos que se aproximam do brasileiro e que o Paraná adota e, por isso mesmo, já colhe frutos.
Pergunta – Mas o país possui um sistema público de esporte?
Milton – A segunda edição da Conferência Nacional do Esporte que realizamos no começo de maio apontou nessa direção. Todos os estados do país realizaram sua etapa regional. Nesses eventos, além das federações e associações esportivas, gestores, atletas e setores da sociedade civil organizada foram lá dar idéias e reivindicar maior acesso ao esporte e ao lazer. Portanto, um marco histórico e democrático para o futuro do esporte que aconteceu nos governos Lula e Requião. A comunidade esportiva foi bem prestigiada tanto pelo presidente da República quanto pelo governador. Lula esteve nas duas Conferências Nacionais. Aqui, o Requião retomou os Jogos Colegiais e criou o Conselho Estadual do Esporte. É um indicativo claro e firme do compromisso com o esporte e com a instituição de um sistema público nacional.
Pergunta – Que meta persegue a Paraná Esporte?
Milton – Primeiro, a promoção e organização de todas as modalidades esportivas. Isto permite que o Estado consiga fazer os atendimentos com maior precisão. Possibilita que as políticas públicas sejam implementadas e discutidas com quem de fato representa o segmento. Nesta concepção, cada federação, liga ou associação funciona como uma entidade articuladora da modalidade. Daí a importância do Conselho Estadual do Esporte, instituído pelo governador Requião em 2005. O conselho é o fórum adequado para o debate e a formulação de políticas públicas. Além da democratização dos programas já desenvolvidos.
Pergunta – Qual é a marca da sua atuação frente ao esporte paranaense?
Milton – A ampliação da prática esportiva pelo povo é a prioridade central da minha gestão. Por determinação do governador, entramos na fase de democratizar o acesso da população ao esporte e ao lazer. Estamos conseguindo fazer isto. Nunca se praticou tanto esporte e lazer no Paraná. Só nos Jogos Colegiais são mais de 400 mil participantes diretos. Retomamos também os Jogos Universitários, reforçamos outras competições e criamos programas premiadíssimos como o “Segundo Tempo”, além do apoio direto dado pela Paraná Esporte aos municípios e às competições por modalidade. E também há o esforço do governo na construção de quadras e de novos espaços para a prática esportiva.
Pergunta – Maior prática esportiva significa o quê?
Milton – É uma aposta que o Estado faz para que a população viva mais e melhor. Em suma, representa qualidade de vida a todos os cidadãos. Outro aspecto diz respeito à economia que o governo fará em saúde ao longo da vida dessas pessoas. O esporte é considerado pelo governo uma questão de Estado, portanto, uma questão estratégica de saúde pública e qualidade vida.
Pergunta – Que programa a Paraná Esporte considera um bom exemplo?
Milton – Todos os programas esportivos são fantásticos e bons exemplos de políticas públicas, como os Jogos Colegiais. Mas o “Segundo Tempo” deverá ser reconhecido mundialmente pela ONU como exemplo de inclusão social de jovens e crianças. O programa consiste em aproveitar a ociosidade de espaços em escolas, no contra-turno, para a prática esportiva. Esses adolescentes recebem materiais esportivos, acompanhamento técnico, refeições, enfim, se preparam para ser os futuros campeões Olímpicos. Mas eles precisam estar estudando para entrar no programa. Cerca de 50 mil jovens e crianças em situação de risco social estão sendo atendidos atualmente no Paraná pelos governos estadual e federal. A tendência é que haja uma ampliação do alcance do programa por meio de outros convênios com clubes sociais e prefeituras.
Pergunta – O esporte ajuda no aprendizado escolar da juventude?
Milton – Sem dúvida. É uma combinação perfeita. O esporte paranaense tem muito a agradecer ao compromisso militante do secretário da Educação Maurício Requião. A combinação dos programas esportivos com os de educação, a exemplo do “FERA” e do “Comciência”, potencializam e estimulam o desenvolvimento pedagógico e intelectual da juventude por serem atividades lúdicas, de experimentação científica e de práticas físicas saudáveis.
Pergunta – Mas para desenvolver o esporte é preciso de recursos. De onde virá o dinheiro?
Milton – É necessário uma política permanente de financiamento. No governo Requião houve o maior investimento de recurso no esporte dos últimos tempos. E o governo do presidente Lula apresentou durante a 2ª. Conferência Nacional do Esporte uma mensagem ao Congresso Nacional propondo uma PEC (Projeto de Emenda Constitucional) que cria o incentivo ao esporte por meio da dedução no Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas. Agora, precisamos pressionar os parlamentares em Brasília para tornar a proposta do Lula uma realidade concreta.
Pergunta – Então o esporte passou a ser tratado como uma questão de Estado?
Milton – Sim. Pela primeira vez na história a política de esporte está sendo tratada como uma questão de Estado. O presidente Lula e o governador Requião estão encarando o segmento esportivo como uma questão estratégica para o futuro da Nação, pois a qualidade de vida é fundamental para termos gerações mais saudáveis e, ao mesmo tempo, de acordo com dados da ONU, a cada centavo investido no esporte economiza-se ao longo de uma vida outros vinte. Ou seja, as autoridades políticas descobriram que o país pode proporcionar uma vida longeva à população com mais qualidade e com investimento preventivo.
Pergunta – O esporte também pode contribuir para o desenvolvimento?
Milton – O esporte abre grande possibilidades. Embora o futebol ainda concentre uma boa parte dos recursos, o marketing esportivo tem investido crescentemente em outras modalidades. Acho que um país como o Brasil, com dimensões continentais, tem um campo fértil para todas as modalidades se desenvolverem e possibilitar arranjos econômicos e sociais em determinadas regiões.
Pergunta – E também é um fator de inclusão social…
Milton – Sim. O esporte tem se revelado um eficaz instrumento de promoção social. Portanto, deve ser utilizado cada vez mais com esse fim. Os programas e ações voltadas para as crianças e jovens precisam de maior e permanente investimento. Daí o nosso empenho e determinação em cumprirmos os nossos objetivos e metas de trabalho.