Clima eleitoral contagia abertura do 9º Concut
Em clima de euforia pró-Lula, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) deu início, na noite desta segunda-feira (05/05), a seu 9º Congresso Nacional (Concut). Mais de 1.500 pessoas prestigiaram a abertura do encontro, em ato solene conduzido pel
Publicado 06/06/2006 13:44
Fundada em 1983, a CUT é a maior central sindical da América Latina — e a quinta do mundo —, totalizando 3.489 entidades filiadas. Seu 9º encontro nacional tem como lema “Trabalho e Democracia — Emprego, Renda e Direito para todos Trabalhadores e Trabalhadoras”.
Na maioria dos discursos, o tom foi de contundente apoio à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Por oito vezes, o público de manifestou com palavras-de-ordem favoráveis ao presidente — um dos fundadores da CUT.
A central se mostra mais do que inclinada a dar novo voto de confiança a Lula, para avançar nas reformas sociais e impedir o retorno da direita neoliberal ao poder. Um dos principais temas desse Concut é justamente a participação da entidade nas eleições 2006 e num eventual segundo mandato de Lula.
Discursos inflamados
João Felício, presidente da CUT, liderou a mesa de abertura, onde também estavam representantes das demais centrais sindicais do Brasil e de partidos de esquerda, como PT, PCdoB e PSB. Último a falar, Felício rechaçou a balela da “imprensa conservadora”, segundo a qual a CUT está enfraquecida. “Estamos no maior congresso de nossa história, nunca tivemos tantas entidades filiadas. Só cresce quem se mobiliza e trabalha sério”, disse o presidente da central.
Para defender o apoio da CUT à reeleição de Lula, Felício afirmou que a disputa eleitoral deste ano põe o mercado contra os trabalhadores. “Nenhum dirigente da CUT está em consonância com os desejos do mercado. Temos um lado, e é o lado dos trabalhadores”.
Na mesma direção foram as falas do senador Aloizio Mercadante e do deputado federal Aldo Rebelo, presidente da Câmara dos Deputados. Representando o Congresso Nacional, os dois parlamentares lembraram o percurso vitorioso da central desde os anos 80 e destacaram a afinidade entre a CUT e o governo Lula.
“A direita está com crise de abstinência, mas vai continuar assim”, provocou o Mercadante. “Nunca vi rio com mais de duas margens”, disse Aldo. Segundo o presidente da Câmara, “essa eleição reflete claramente a disputa entre um projeto neoliberal e outro democrático popular”.
“Outros lados”
Com intervenções menos focadas nas eleições, Força Sindical, CGT e CGTB aproveitaram o encontro para frisar as lutas conjuntas das centrais. Em sua fala, o secretário-geral da CGT, Canindé Pegado, tratou a CUT como “co-irmã” e realçou a participação de sua central nas cinco últimas edições do Concut.
Quem procurou roubar a cena — e fracassou — foi o economista César Benjamim (P-SOL), candidato a vice-presidente na chapa de Heloíza Helena. Num discurso que em momento algum mencionou a importância do 9º Concut, Benjamin teorizou sobre as potencialidades de crescimento do Brasil. Ao concluir, sob recorrentes vaias, exaltou os escassos 7% de Heloíza nas pesquisas de intenção de voto.
Durante sua fala, os protestos foram tantos que João Felício teve de pedir paciência ao público. Mesmo assim, as vaias prosseguiram.
Eventos paralelos
Além da cerimônia de abertura, a sede do evento ficou às voltas, desde ontem, com estandes de correntes sindicais, editoras e entidades. A exposição “Trabalho e Trabalhadores do Brasil” — que estava em cartaz no Sesc Pinheiros, em São Paulo — ocupa agora os corredores do Anhembi.
Delegados ao Concut continuam a chegar à capital paulista, incorporando-se ao maior encontro da história da central, com 2.556 participantes inscritos. Dezenas de sindicalistas estrangeiros também marcam presença.
O congresso prossegue até sexta-feira (9), quando haverá eleições para a direção executiva nacional e conselho fiscal da CUT.
De São Paulo,
André Cintra