PSB e PCdoB reafirmam apoio a Lula e pedem mais desenvolvimento

O PT, PSB e PCdoB encaminharão ao conhecimento público, e entregarão como proposta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um documento político com propostas de plataforma para a eleição presidencial de outubro. A decis&

O PT, PSB e PCdoB encaminharão ao conhecimento público, e entregarão como proposta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um documento político com propostas de plataforma para a eleição presidencial de outubro. A decisão foi da reunião dos presidentes nacionais dos três partidos, Ricardo Berzoini, Eduardo Campos e Renato Rabelo, ocorrida nesta quinta-feira (1º) em Brasília.

A reunião estendeu-se das 12 às 15 horas, na sede do PT na capital federal. Berzoini trouxe uma proposta inicial do texto, que entregou aos demais participantes, para exame de suas legendas. Ele fez também um convite ao PCdoB e PSB, para que participem de um debate programático que os petistas programaram.

Os três partidos se propõem a funcionar como um núcleo de esquerda da campanha pela reeleição de Lula. Ao mesmo tempo, desejam ampliar a base de sustentação da candidatura, dando-lhe uma feição de centro-esquerda, em especial com a participação do PMDB.

Alianças

Quanto ao andamento das alianças no plano dos Estados, a reunião de hoje não chegou a resolver nenhum pleito. Renato Rabelo comenta que, "até chegarmos a um ponto comum, isso pode se estender até os últimos dias do prazo legal". E recorda que os presidentes nacionais dos três partidos precisam levar para o exame conjunto as posições e demandas das suas bases em cada Estado. "Isso praticamente começou agora", avaliou.

As definições sobre alianças formais devem ser feitas somente nas convenções partidárias. A do PCdoB está marcada para o dia 14 de junho. A do PT para o dia 24 e a do PSB para o dia 28 deste mês.

O problema maior é no PSB, que ainda discute o melhor caminho para o partido cumprir as exigências da cláusula de barreira e não perder os repasses do fundo partidário.

O presidente do PSB, Eduardo Campos, disse que a possibilidade de o partido apresentar o vice na chapa de Lula não está em discussão. Segundo ele, o importante para o PSB é que o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, cotado para vice na chapa, esteja habilitado a puxar votos para o partido.

– O importante ao PSB é o Ciro estar habilitado a concorrer e ele é candidato a deputado federal, não há discussão de vice. O importante para o PSB é se manter como um partido de esquerda forte – disse Eduardo Campos.

O presidente do PSB disse que o partido não tem pressa para decidir sobre a formalização da aliança. Segundo ele, as alianças regionais repercutem na decisão do partido, mas não são suficientes para perturbar uma relação nacional entre os partidos.

"Quando os políticos têm prazos, usam todos os prazos. Por que decidir agora? Não cabe a pressa", afirmou Campos.

Mais desenvolvimento

O documento que está sendo redigido conjuntamente pelos três partidos vai defender metas arrojadas de crescimento econômico para um eventual segundo mandato do presidente Lula.

Os dirigentes dos três partidos disseram que o presidente Lula encontrou o país em situações adversas quando assumiu seu mandato. "Recebemos uma herança que num primeiro momento nem foi revelada ao país. Não sei se nossos adversários teriam atravessado com nossos êxitos os riscos que enfrentamos", afirmou Campos.

Eduardo Campos disse ainda que o presidente Lula conseguirá alcançar no segundo mandato resultados sociais e econômicos melhores que no primeiro. "Podemos ter isso [metas arrojadas] porque fizemos o dever de casa", disse ele após o encontro desta quinta-feira. "Vamos mostrar que Brasil de 2006 é bem diferente de 2002 com fundamentos mais sólidos. Entendemos que o segundo mandato vai contar com equipe mais experiente e será um governo de mais resultados comparados aos já apresentados até agora. Mas é preciso avançar mais."

"Depois de quatro anos, o Brasil precisa ter a marca do desenvolvimento, de cuidar de nossa população e aproveitar o momento em que a economia internacional permite ainda janelas de oportunidade ao Brasil. Nós ficamos na base do governo nesses três anos e cinco meses sempre entendendo o esforço feito pelo governo para chegar onde chegamos agora. É hora de pensar como será nos quatro anos seguintes, por que queremos governar, o que é possível fazer pelo Brasil nesses quatro anos. Acho que dá pra fazer mais. Agora é hora do desenvlvimento, de uma coisa mais arrojada", completou o presidente do PSB.

Campos descartou, entretanto, uma ruptura com a atual política econômica. "Não vamos propor uma mudança radical da política econômica. Não vamos fazer panfletos, ter atitudes infantis ou ter proposta eleitoreira."

Renato Rabelo concordou e disse que o documento deve sinalizar que o crescimento será mais acentuado nos próximos anos.

Em declarações à imprensa, o presidente do PCdoB disse o governo do presidente Lula é que criou condições para "ousar" mais no segundo mandato. Ele aproveitou para criticar a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e indicar que a campanha eleitoral deste ano deve tentar vincular a imagem do tucano Geraldo Alckmin a de FHC.

"Se não fosse o Lula, o país teria ido para a bancarrota. O Lula encontrou uma crise profunda deixada por FHC e criou condições para o crescimento", afirmou.

O petista Ricardo Berzoini reforçou a avaliação de Rabelo e disse que um dos focos do ataque petista será a gestão FHC. "Lula recebeu cenário terrível e teve competência e coragem para enfrentar. Estamos numa fase muito melhor agora e com inflação controlada. Esse cenário permite que se acelere a queda dos juros num segundo mandato."

Nome do documento

Uma das questões ainda não resolvidas pelos três partidos é o nome que darão ao documento. Berzoini, rejeita batizá-lo de "Nova Carta ao Povo Brasileiro" numa referência ao documento divulgado em 2002. "Não deve se chamar Carta aos Brasileiros porque é diferente daquele documento apresentado por Lula na campanha de 2002. Agora é um texto dos partidos e não do candidato."

Segundo ele, a intenção é divulgar o documento a partir do dia 14 de junho. "Não há correlação entre esse documento e o que Lula divulgou em 2002. Não queremos confundir as coisas."

Da redação,
com informações das agências