Economia peruana cresce muito, mas pobreza cai pouco

A economia peruana bate recorde de crescimento contínuo, de acordo com dados divulgados, mas a pobreza não cai no mesmo ritmo, segundo dados oficiais.

O Ministério da Economia e Finanças peruano divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 6,8% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. O desequilíbrio é um dos desafios do próximo presidente do Peru. Félix Jimenez, professor de economia da Universidade Católica de Lima e assessor do candidato Ollanta Humala, ressalta: "O crescimento atual é liderado pelos setores exportadores, como minério, que não geram muito emprego", disse. São 56 meses consecutivos de expansão econômica, como confirmaram economistas do Instituto Nacional de Estatística e Informática (INEI), do ministério da Economia.
O resultado destes dezenove trimestres de crescimento econômico ininterrupto é inédito na economia peruana, de acordo com fontes do Inei. Em 2005, a economia cresceu cerca de 6% e a expectativa para 2006 era de uma taxa entre 4,7% e 5%. Neste mesmo período de aumento do PIB, a pobreza caiu de 54% para 51,6%. Mas a despeito da redução, 22% da população peruana ainda vive abaixo da linha de pobreza. Aproximadamente 60% dos trabalhadores peruanos atuam na economia informal – uma constante na história econômica do país. Mas o desemprego atinge cerca de 10% da população economicamente ativa e menos de 40% dos peruanos têm emprego formal.
TLC
De acordo com Carlos Aquino, economista e professor da Universidade de São Marco, nas regiões mais pobres do país as pesquisas apontam favoritismo de Ollanta Humala. O programa econômico de Humala inclui, caso ele chegue ao poder, a "nacionalização das atividades estratégicas", como o gás. "Nacionalizar não significa expropriar e nem estatizar. Mas renegociar os contratos para que as tarifas sejam adequadas (à realidade peruana)", disse. "Hoje o preço interno do gás no Peru é fixado de acordo com o preço internacional. Esse preço tira a competitividade interna", afirmou. Segundo ele, outros fatores que podem auxiliar no combate à pobreza e levar a uma melhor distribuição de renda são o fortalecimento dos órgãos reguladores das empresas privatizadas e a expansão do mercado de crédito.
Entre as diferenças marcadas nos programas de governo de Alan García e Ollanta Humala estão a política cambial – livre, para García, e com intervenções para Humala – e o Tratado de Livre Comércio, TLC, assinado pelo atual presidente peruano Alejandro Toledo com os Estados Unidos. O acordo ainda depende de aprovação do Congresso Nacional. García já avisou que irá manter o acordo firmado por Toledo, mas Humala rejeita a proposta, porque acredita que ela irá gerar ainda mais desemprego.

Com agências