FHC admite udenismo mas insiste em ''choque moral''
Publicado 01/06/2006 20:46
"A complacência e a indulgência chegaram a tal ponto que estamos no limite entre a indiferença e a indignação. Mas está vencendo a indiferença. E tem de vencer a indignação para reconstruir o país", afirmou FHC. Ele fez uma palestra na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista, em que deixou claro que “a indiferença” que “está vencendo” é a vantagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre Alckmin, nas pesquisas eleitorais.
“Quando a sociedade se vira contra você…”
"Não é só fulano que vai salvar; não vai salvar. Tem de mudar muita coisa nas estruturas. Qualquer que seja o presidente eleito, sem indignação não vai ter força para mudar", disse o ex-presiente, que falou durante uma hora e meia.
Fernando Henrique, que desde o seu segundo mandato lidera as taxas de rejeição nas pesquisas, fez também uma confissão: “A sociedade tem de estar com ele (o presidente). Eu sei muito bem. Quando a sociedade se vira contra você, por ´N´ razões, mesmo que você esteja certo, não muda", declarou.
Promessa de apoio a Alckmin, mas não no dia-a-dia
Ao final do evento, em rápida entrevista coletiva, FHC foi questionado se esté totalmente engajado na campanha de Alckmin. "Certamente vou me engajar, mas aqui (a universidade) não se deve confundir análise objetiva e crítica com crítica a um governo", afirmou.
Ele disse que não compareceu à oficialização do apoio do PFL à campanha tucana, nesta quarta-feira em Brasília, porque não sabia. "Eu nem sabia ontem que tinha um evento lá em Brasília. Eu não posso estar em toda parte. Estou apoiando Alckmin profundamente e ele sabe disso", garantiu.
"Mas estou apoiando profundamente. Estarei onde necessário. Sou um ex-presidente da República, não um militante do dia-a-dia. Temos de conciliar as funções”, disse ainda. Comenta-se que o distanciamento de FHC é uma orientação do próprio comando da campanha Alckmin, devido à elevada rejeição do ex-presidente. Nos seus pronunciamentos públicos, o presidenciável tucano evita mencionar Fernando Henrique Cardoso.
Conforme FHC, Alckmin ainda tem chances de superar Lula. "Estou habituado a ter diferenças com o Lula muito grandes. Ele sempre esteve muito à frente e eu sempre ganhei", afirmou – na verdade em referência à campanha de 1994, a única que ele venceu em uma virada de expectativas.
Com agências