Martin, o irmão de Che que vende charutos na Argentina
Um dos irmãos do revolucionário argentino Che Guevara vive hoje em um vilarejo no interior da Argentina, onde montou uma loja de charutos. Nas cartas de Che, Juan Martín — que chegou a passar oito anos como preso político na Argentina —
Publicado 01/06/2006 16:18
Martin nunca concede entrevistas, mas abriu uma exceção ao aceitar falar com o jornal "Pagina 12", de Buenos Aires. "Ser o irmão do Che é uma parte de mim. Não era uma coisa muito divertida. Não era como ser irmão de um artista famoso".
Durante seus anos como preso político, Juan Guevara foi torturado várias vezes por seus carcereiros, mas muitas vezes se lembra de o tratarem com respeito por ser irmão de Che. Martin e sua família chegaram a Cuba em 6 de janeiro de 1959, cinco dias depois da vitória da revolução. "Fidel, entretanto, não havia entrado em Havana. Vivíamos sempre em alerta. Em cinco oportunidades, deram meu irmão como morto nos jornais", conta.
Depois de passar décadas vivendo em Cuba, o irmão de Che Guevara hoje mora no interior da Argentina, onde possui uma loja de charutos que vende no varejo e no atacado. Questionado sobre o que sente ao ver seu irmão convertido em uma imagem de camisetas, responde: "Uma coisa muito superficial. Igualar a imagem dos Bee Gees, a língua de fora dos Stones e a imagem do Che é uma forma de padronizá-lo ou banalizá-lo".
Indenização será maior
O governo argentino determinou que o Estado aumente o valor da indenização que Martin recebe, por ter estado preso durante oito anos. Segundo a mídia argentina, a resolução pode servir de jurisprudência para outroas casos e foi adotada pelo ministro da Justiça, Alberto Iribarne, que disse existirem provas incontestáveis que Martin passou 2.928 dias detido, entre março de 1975 e março de 1983.
O irmão menor de Che já havia solicitado uma indenização por sua prisão entre 1975 e 1979, e solicitou também que o benefício fosse ampliado por motivo dos outros quatro anos que esteve encarcerado.
Com agências internacionais