Rivellino crê que fim do futebol de rua ameaça jogo no Brasil
Rivellino, tricampeão mundial em 1970, acredita que o fim da prática de futebol de rua no Brasil pode representar uma ameaça ao futuro da Seleção Brasileira.
Publicado 31/05/2006 11:23
Rivellino revelou sua preocupação com o futuro do esporte nacional em uma entrevista ao jornal britânico The Times. A reportagem faz parte de uma série sobre futebol brasileiro publicada pelo jornal, que já trouxe textos sobre Sócrates e Romário.
"O conceito de futebol de rua não existe mais em São Paulo. Você ainda vê um pouco no Rio, porque eles têm praia, mas aqui não. Do ponto de vista da Seleção Brasileira, isso é ruim porque o verdadeiro talento vem das ruas, dos meninos que jogam bola o tempo todo, todos os dias, sempre que podem", afirma o ex-jogador.
O diário visitou o ex-jogador em São Paulo, onde ele tem uma escolinha de futebol para jovens. Mas segundo o jornal, "Rivellino vê na sua escolinha apenas o cumprimento de uma função social em vez de uma forma de ajudar a Seleção Brasileira".
"Não posso fazer nada em grande escala. Estou apenas cumprindo o pequeno papel que me cabe", afirma o jogador. O diário conta que Rivellino oferece bolsas aos garotos que não têm condições de pagar pela escola e proíbe empresários de contratar os melhores jogadores. Quando um jovem atleta se destaca, "ele avisa uma equipe local – e não um empresário".
O Times comenta que "a morte do futebol de rua é uma história global, não apenas brasileira". O jornal acrescenta que "outros países sobreviveram ao problema. Por isso, cabe aos clubes e à federação nacional evitar a situação".
Diante dessa idéia, afirma o jornal, "Rivellino se limita a sorrir de forma resignada" e afirma: "O único interesse das autoridades é dinheiro. Até mesmo os clubes, cujo negócio é criar bons jogadores, se preocupam apenas com dinheiro. Eles estão todos endividados, então essa passa a ser a principal preocupação deles em vez de a qualidade do futebol no Brasil. É triste".
O Times relata que empresários estão vendendo jogadores cada vez mais jovens, o que é favorável a um mercado feliz em adquirir garotos antes que eles possam provar seu valor e, conseqüentremente, aumentar o preço de seus passes.
Segundo o jornal, é por esse motivo que Jairzinho, um dos talentos de 1970 e hoje empresário de jogadores, "vem anunciando a sua safra de meninos de 13 anos" e também é por isso que "Sócrates, o ex-capitão da Seleção Brasileira, compara a prática à prostituição infantil internacional".
Com informações da BBC Online
Com informações da BBC Online