Dilma reafirma apoio do Planalto a Requião
A assinatura do acordo entre a Copel e a El Paso, ontem à tarde, foi um momento de reaproximação do governador Roberto Requião com o governo federal.
Publicado 31/05/2006 07:45 | Editado 04/03/2020 16:55
A ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT) veio a Curitiba exclusivamente para avalizar a operação junto com o governador Roberto Requião (PMDB), que transfere as ações da empresa norte-americana para a estatal.
Requião agradeceu a Dilma e lembrou que o apoio dela foi decisivo nas negociações, quando esteve à frente ao Ministério das Minas e Energia, e hoje, na Casa Civil. "Não fizemos essa negociação sozinhos. Não nos faltou nesse processo a dedicação e o empenho da então ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff, uma verdadeira companheira a quem agradeço o apoio, que não foi dado a mim, mas ao interesse do povo paranaense."
Dilma, por sua vez, afirmou que o governo federal se coloca à disposição para contribuir em todos os caminhos que o país necessita. A ministra chefe da Casa Civil aproveitou a solenidade e anunciou que a Petrobras irá fazer o lançamento do H-Bio em junho, um tipo de diesel com 18% de óleo vegetal. O produto tem uma concentração de enxofre bem menor que o diesel produzido no país. "A primeira e maior usina a gás vai conviver também com a primeira grande refinaria a produzir diesel de origem vegetal, de altíssima qualidade", afirmou a ministra. A usina fica dentro da planta da Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária.
O Palácio Iguaçu informou que, com o acordo, extinguem-se as ações judiciais propostas tanto na corte arbitral de Paris quanto no judiciário brasileiro e a Copel passa a ter 80% na participação acionária da UEG Araucária. De acordo com o Palácio Iguaçu, a compra das ações soluciona o último dos três grandes contratos de compra de energia herdados da gestão anterior, todos lesivos ao interesse público e que levariam a Copel à falência ainda em 2003.
Antes de fazer seu pronuciamento, Requião pediu para que o ex-governador e ex- presidente da Copel, Paulo Pimentel, fizesse alguns comentários. Foi na gestão de Pimentel que se iniciaram as negociações com a El Paso, no início do mandato de Requião. "Com o acordo, o grande vencedor foi o Paraná", disse Pimentel, lembrando também do empenho do governador e dele próprio para salvar a estatal da falência, em 2003.
O presidente da El Paso Energy Brasil, Eduardo Carrer, disse que a venda das ações se deve ao fato da empresa estar centrando suas atividades principalmente na prospecção de petróleo, além de "resolver uma pendência existente". De acordo com o Palácio Iguaçu, o contrato com a El Paso obrigava a Copel a desembolsar cerca de R$ 25 milhões pela compra de energia que não estava disponível, por causa de falhas do projeto, além de incompatibilidade operacional e falta de homologação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A Copel pretende investir R$ 11 milhões na recuperação e adaptação das instalações para que possa começar a gerar energia, além de R$ 32 milhões para adequar as turbinas para operar com óleo diesel. A Copel informou que irá fazer estudos para poder utilizar biodiesel. A UEG Araucária possui 484 megawatts de potência e capacidade de fornecer energia a uma população de 1,5 milhão de pessoas. Segundo o diretor-presidente da Copel, Rubens Ghilardi, a UEG poderá fornecer energia para o consumidor livre em 2007, e concorrer no próximo leilão nacional de fornecimento de energia elétrica, que deve ocorrer em 2009.
Fonte: Rhodrigo Deda – Paraná-Online