Mantega e CNI discutem câmbio e trajetória fiscal

Segundo Monteiro, vários setores exportadores estão "extremamente preocupados com o câmbio" e que os números da balança comercial brasileira já começam a indicar que as exportações do Brasil "vêm perdendo fôlego". Ele relatou que o câmbio foi amplamente discutido na reunião, realizada hoje na CNI, fechada à imprensa. Na avaliação do presidente da CNI, a recente alta do dólar é "uma correção perversa, porque está se dando em decorrência de uma conjuntura de turbulência internacional".
Monteiro ponderou que os números da valorização do real frente ao dólar nos últimos três anos são "impressionantes", pois há uma variação de quase 40%. "Mesmo descontado o efeito dessa bolha, ainda estamos diante de valorização extremamente preocupante", afirmou Monteiro. Segundo ele, muitos setores exportadores que usam mão-de-obra intensiva, como os de vestuário, calçados e móveis, estão passando por uma "situação bastante delicada".
Agenda
Em relação à preocupação com a trajetória fiscal, o presidente da CNI comentou que a visão da indústria é de que, se o gasto público continuar crescendo como nos últimos dez anos, o país será conduzido a uma situação macroeconômica "delicada". Monteiro relatou ainda que os empresários pediram ao ministro Mantega novas medidas de desoneração tributária dos investimentos, com redução do prazo de compensação dos tributos. Solicitaram também medidas para redução do spread (diferença entre a taxa de captação e a de empréstimo) bancário, pois, segundo ele, essa agenda não tem avançado.

Os empresários pediram a retomada de agenda microeconômica e a intervenção do ministro para que o presidente Lula não vete o Refis 3. Disse que há setores que se encontram numa situação muito delicada. "É preciso não olhar apenas a floresta, mas também a árvore". Segundo Monteiro, na reunião, Mantega disse que tem dúvidas sobre o projeto que reformulou o Refis. "Fiquei com a impressão de que não há uma posição definida", relatou Armando Monteiro.

Com agências