Campanha nacional quer diminuir cesarianas
Uma campanha nacional para incentivar a realização de partos normais e reduzir as cesarianas desnecessárias foi lançada hoje (30), em Brasília, pelo Ministério da Saúde. Dados de 2004 do Sistema de Nascidos Vivos (Sinasc)
Publicado 30/05/2006 14:11
Em entrevista à TV NBR, da Radiobrás, a coordenadora da Campanha Nacional de Incentivo ao Parto Normal e Redução da Cesárea Desnecessária, Maria José Oliveira Araújo, disse que as pesquisas científicas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam o parto normal como o ideal para a maioria das mulheres.
Segundo a coordenadora, o parto normal ajuda a mulher a se vincular mais rapidamente ao bebê e diminui os riscos de hemorragias, infecções, coágulos que podem se descolar e ir para órgãos importantes, como o pulmão e o coração. Para o bebê, também há benefícios. As crianças que nascem de parto normal correm menos risco de serem prematuras e terem problemas respiratórios.
Lei garante acompanhante
Um dos argumentos mais utilizados para que as mulheres prefiram as cirurgias é a questão da dor. Maria José Oliveira Araújo explica que o Ministério da Saúde paga aos hospitais a anestesia do parto normal, que ajuda a reduzir o desconforto. Ela lembrou ainda que a presença de um acompanhante na hora do parto é um direito da mulher, regulamentado pela Lei 11.108, da senadora Ideli Salvatti.
A lei garante a presença de um acompanhante da escolha da mulher antes, durante e depois do parto, tanto nos hospitais públicos quanto nos privados. Os hospitais têm até julho deste ano para cumprirem a lei. "Além disso, está provado cientificamente que as mulheres que têm acompanhantes durante o trabalho de parto, uma pessoa que possa lhe ajudar a reduzir a dor, reduzem também o tempo do trabalho de parto", diz a coordenadora do ministério.
“Isto é um absurdo”
"Nós encontramos hospitais privados que têm 90% de cesáreas. Isso é um absurdo, não pode acontecer. É evidente que têm hospitais que recebem mulheres em estados mais graves, que nós consideramos de alto risco. Agora, não há razão de um hospital, público ou privado, ter um índice de cesárea de 81%."
A preferência pela cesariana também seria uma questão cultural no Brasil. Muitos profissionais estimulariam as mulheres a realizar o parto cirúrgico com promessas de que elas vão sentir menos dor e não terão alargamento vaginal. A possibilidade de fazer laqueadura de trompas na mesma cirurgia, prática proibida por lei, também motivaria a opção pela cesárea.
"É toda uma cultura, nós temos profissionais de saúde que acreditam que a cesárea é melhor, eles não têm tempo, por causa da quantidade de empregos, para ficar cuidando das mulheres, então é um ciclo, são vários fatores", destaca Maria José Oliveira Araújo.
Com informações
da Agência Brasil