Dirceu contesta, em nota, matéria fantasiosa da revista ''Veja''

O ex-deputado José Dirceu (PT-SP) divulgou nota em resposta à matéria publicada esta semana pela revista Veja. A matéria, intitulada “A Última do Zé”, é assinada pelo jornalista Otávio Cabral

O ex-ministro da Casa Civil e ex-deputado federal, José Dirceu (PT-SP) divulgou nota nesta segunda-feira (29/5) em resposta à matéria publicada esta semana pela revista Veja. A matéria, intitulada “A Última do Zé”, é assinada pelo jornalista Otávio Cabral e, mais uma vez, com a conivência dos demais veículos da grande imprensa, utiliza suposições para criar uma história sem indícios de provas nem base factual.

Segundo a revista, Dirceu estaria mediando o diálogo entre o magnata russo Boris Berezovsky  e o Governo Federal para negociar a venda da Varig.

Valendo-se da artimanha do sigilo da fonte, o panfleto da editora Abril alega ter ouvido de "um petista familiarizado com os negócios de Dirceu" que o ex-ministro teve, no início do mês, três encontros com Berezovsky em São Paulo. O papel de Dirceu seria convencer o governo brasileiro a colocar R$ 100 milhões na venda da Varig por meio do BNDES.

Em nota, Dirceu desmente os supostos encontros e demonstra o grau de falsidade da notícia ao esclarecer que a empresa não pode ser vendida para investidores estrangeiros, conforme determinam as leis brasileiras.

Diz a nota ainda que a revista “extrapola todos os limites do bom senso e da ética jornalística” quando fala do envolvimento de Dirceu no negócio com vistas a conseguir uma “vultosa comissão para financiar a eleição de uma bancada estadual e federal”.

Para tentar dar veracidade à esta ilação, a revista lista uma dezena de deputados que são justamente os parlamentares que mais se destacaram na defesa do governo e do PT durante a recente crise política.

O deputado Eduardo Valverde (PT-RO), um dos citados na matéria fantasiosade Veja, também divulgou nota contestando a revista.

Segundo o deputado, é sabido de todos que a revista Veja assumiu uma postura agressiva e denuncista em relação ao presidente Lula e ao Partido dos Trabalhadores. "Reportagens infundadas, sem base e argumentação cabível tornaram-se praxe da revista, que vem enfrentando uma série de processos por conta dessa posição irresponsável", diz Valverde.

"Um dos pilares do jornalismo, praticado com ética e seriedade, determina que para citar o nome de alguém em matéria é preciso, em primeiro lugar, ouvir o que essa pessoa tem a dizer sobre o assunto –- o que não aconteceu no caso da reportagem citada -– e possuir fonte e declarações suficientemente fortes para imputar a quem quer que seja uma determinada atitude ou ação", completa a nota.

Leia abaixo a íntegra das notas de José Dirceu e Eduardo Valverde:

NOTA DE JOSÉ DIRCEU

Diante da matéria "A última de Zé Dirceu", publicada pela edição dessa semana da revista Veja, tenho a declarar que:

1) Não me encontrei com Boris Berezovsky, quando de sua estada no Brasil – fato confirmado pela assessoria do mesmo, em nota enviada ao editor de um blog que veiculou essa informação, em 16/05/2006. É interessante observar, também, que a revista Veja nada publicou sobre a afirmação feita por Boris Berezovsky, em entrevista concedida à revista IstoÉ Dinheiro – amplamente divulgada por meio de notas publicadas em diferentes jornais paulistas – de que a única audiência marcada com autoridades políticas do país foi com o governador do Estado de São Paulo, Cláudio Lembo;

2) A afirmação de que Berezovsky estaria destinando 1 bilhão de reais, de seu fundo de investimento, à compra da Varig, é completamente absurda. A Varig não pode ser vendida para investidores estrangeiros; e é de conhecimento público que não pode contar com mais do que 20% de capital externo;

3) Finalmente, a revista extrapola todos os limites do bom senso e da ética jornalística quando fala que o meu envolvimento nesse negócio visa conseguir uma vultosa comissão para financiar a eleição de uma bancada estadual e federal. Em mais um exemplo de mau jornalismo, a revista desrespeita os parlamentares citados, veiculando informações fantasiosas e sensacionalistas.

NOTA DE EDUARDO VALVERDE

Diante da matéria "A bancada do Zé", publicada pela edição dessa semana da revista Veja, tenho a declarar que:

1) O ex-deputado José Dirceu não é meu amigo pessoal, tendo sido apenas meu colega de partido. Desde que foi cassado pelo plenário da Câmara dos Deputados, última ocasião em que o vi, não mantive nenhum contato com José Dirceu. De tal forma é, no mínimo, estranho e questionável que o mesmo esteja arrecadando dinheiro para a minha campanha.

2) É sabido de todos que a revista Veja assumiu um postura agressiva e denuncista em relação ao presidente Lula e ao Partido dos Trabalhadores. Reportagens infundadas, sem base e argumentação cabível tornaram-se praxe da revista, que vem enfrentando uma série de processos por conta dessa posição irresponsável.

3) Um dos pilares do jornalismo, praticado com ética e seriedade, determina que para citar o nome de alguém em matéria é preciso, em primeiro lugar, ouvir o que essa pessoa tem a dizer sobre o assunto – o que não aconteceu no caso da reportagem citada – e possuir fonte e declarações suficientemente fortes para imputar a quem quer que seja uma determinada atitude ou ação.

4) De maneira fantasiosa, a revista Veja relaciona o meu nome a uma SUPOSTA lista de beneficiários de José Dirceu, que SUPOSTAMENTE estaria negociando a venda da Varig, para SUPOSTAMENTE bancar campanhas de deputados federais, entre elas a minha. O texto que acompanha minha foto na matéria e que deveria justificar a inclusão do meu nome na lista de deputados a serem beneficiados por José Dirceu cita o episódio em que me desentendi com a senadora Heloísa Helena, fato que não estabelece nenhuma relação com o assunto tratado na reportagem.

5) Informo ainda que estou tomando as medidas judiciais cabíveis em relação à essa reportagem que, levianamente, tenta imputar a mim participação em operação ilegal, ainda que a mesma sequer tenha se realizado.