Para o líder tucano, senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), 40% das intenções de votos para o presidente Lula não representam uma vitória "acachapante". Virgílio diz que esperava ainda um resultado melhor para os concorrentes, já que Lula faz propaganda eleitoral "todos os dias" e desqualifica em público o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.
A pesquisa CNT/Senus divulgada hoje mostrou, em um cenário sem o PMDB e com todos os pré-candidatos, Lula com 42,7% das intenções de votos e Alckmin com 20,3%. Já em um segundo turno entre os dois, Lula teria 48,8% e o ex-governador paulista, 31,3%.
Para os tucanos, o desafio agora está em descobrir a melhor alternativa para alçar vôo. "Temos que saber como alcançar esta população que rejeita Lula. Buscar a massa que esta cansada do falso populismo do petista", afirmou Virgílio.
Na mesma pesquisa, o número de rejeição individual do presidente é de 34,7%, enquanto de Alckmin cresceu com relação à última pesquisa de 33,5% para 40,6%. O líder tucano, no entanto, rejeita que os números reflitam os ataques ocorridos em São Paulo na última semana.
Para ele, que acredita ser bom o patamar de rejeição de seu candidato, os números mostram uma exposição de idéias. "Não tenho medo do índice de rejeição. O caráter de rejeição de Alckmin é diferente do caráter de rejeição de Lula. O deles é mais pesada, uma rejeição contra a corrupção, contra as denúncias, enquanto a nossa é mais leve", explicou ele. Virgílio finalizou ainda dizendo que o que seu partido deve fazer agora é ligar Lula ao governo e ao seu partido e do outro lado, mostrar as propostas dos tucanos.
O deputado federal Alberto Goldman, ex-líder do PSDB na Câmara, afirmou, por sua vez, que a pesquisa CNT/Sensus não traz mudanças significativas no cenário eleitoral.
"Estamos diante de uma situação estável", disse o deputado. "Isso mostra que a população ainda não está sintonizada com a campanha eleitoral, até porque ainda não há campanha eleitoral", acrescentou. Segundo Goldman, a eleição só começará mesmo no momento em que for iniciada a propaganda eleitoral na televisão.
Goldman aproveitou para atacar Lula ao afirmar que se surpreendeu com o fato de o presidente não ter crescido mais na pesquisa, considerando a forte exposição na mídia que tem tido ultimamente. "Depois de todas as peripécias que ele fez – só faltou subir no trapézio, pois até nariz de palhaço ele colocou – ele ainda ficou com cerca de 40%", disse o deputado.
Goldman afirmou que, diante desse cenário, o levantamento divulgado pela CNT oferece na verdade motivos para um otimismo entre os tucanos. "Eu vejo com muito otimismo esse resultado", disse o deputado. "Eu tenho uma avaliação qualitativa de que Lula terá dificuldades de passar dos 40%"
Tarso Genro
O Ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, por sua vez, evita falar em vitória antes do tempo e até mesmo evita atacar os concorrentes. Para ele, os números da pesquisa são bons para os governistas, porém ainda não representam uma vitória.
Segundo Tarso, o quadro eleitoral ainda nem foi fixado e apenas quando todos os nomes forem definidos é que o cenário político ficará mais nítido. "Estaremos atento ao processo e quando estes estiverem definidos, teremos que criar um ambiente positivo para a eleição", afirmou ele.
Já o presidente do PT, deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), afirmou que a pesquisa serve como prova da liderança política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de afirmar que a base aliada manterá a humildade em relação a esse resultado – considerando que o jogo eleitoral ainda está longe de terminar -, Berzoini reconheceu que os números ajudam a evidenciar o acerto do governo Lula.
"Esta pesquisa mostra que a liderança política do presidente Lula é forte mesmo sob ataque", disse Berzoini, acrescentando que a oposição tem falhado ao tentar conduzir uma "campanha suja" na tentativa de fortalecer a candidatura do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. "Isso mostra que a estratégia da oposição está errada."
Berzoini ressaltou, no entanto, que ainda é cedo para comemorar. Ele apontou, por exemplo, que a queda observada na rejeição de Lula está dentro da margem de erro, e por isso deve ser tratada como estabilidade. O deputado ressaltou que o jogo está favorável para Lula, mas assegurou que o PT não subirá em um "salto alto". "É uma pesquisa. Temos de tratar isso com humildade".
O presidente nacional do PT apontou, por exemplo, que pesquisas qualitativas oferecem uma idéia mais sólida do comportamento do eleitorado no atual momento.
De acordo com ele, o PT conduziu alguns levantamentos do gênero durante o mês de abril e teve acesso informalmente a números coletados pelo setor privado. Segundo ele, o partido concluiu que há um sentimento favorável a Lula. "O sentimento é de confiança na liderança do presidente", disse Berzoini.
Da redação,
com informações das agências