Trinta inocentes podem ter sido mortos em SP, diz advogado
O coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos, o advogado Ariel de Castro, afirmou nesta terça-feira que pelo menos 30 pessoas podem ser inocentes dentre as 110 que foram mortas em São Paulo desde a semana passada, após os ataques
Publicado 23/05/2006 21:49
No caso específico da zona sul paulistana, ele lembrou que o escritor Reginaldo Ferreira da Silva, conhecido como Ferréz, fez denúncias de pelo menos 24 assassinatos. "E ele mesmo teve que sair da cidade por medo de represálias, dizendo que sofreu ameaças depois de ter denunciado as supostas execuções".
Na última quarta-feira (17), o escritor Ferréz, que nasceu e vive até hoje no Capão Redondo, um dos bairros mais violentos da periferia da capital paulista, fez um apelo aos leitores de seu blog – www.ferrez.blogspot.com. Solicitou ajuda para denunciar a ação da polícia contra a população pobre que, visando responder aos ataques dos criminosos do PCC, o Primeiro Comando da Capital, estaria vitimando dezenas de inocentes. Na sexta-feira, Ferréz concedeu uma entrevista exclusiva à Carta Maior, onde afirmou que o governo estadual estava escondendo os corpos porque a maioria das pessoas teria sido executada por esquadrões formados por integrantes da polícia. Foi uma das reportagens de maior repercussão da história da agência.
No final de semana, o escritor teve que deixar o estado junto com sua família, depois de receber ameaças de morte. As agressões começaram nos comentários postados no próprio blog de Ferréz. Entre as declarações deixadas por seus leitores estavam frases como “São hipócritas como você que F… tudo. Pior que o povo alienado dá ouvidos a uma pessoa do seu tipo”; “Faça um texto atacando o PCC, se é que tem coragem, e começo a te respeitar”; “Como você tem coragem de intitular-se escritor, um retardado membro do PCC, é isso que você é”; “Ou você faz parte também desses vermes da sociedade ou tá querendo aparecer”; “Você é um defensor de bandidos!!”.
Não há informações de quando Ferréz retorna a São Paulo. Neste sábado (20), ele publicou em sua página um texto respondendo às críticas que recebeu. Confira abaixo a íntegra do texto.
“Mudo, surdo e louco.
É, nunca fui tão ofendido, mas tudo bem, a discussão avança, embora digam coisas que não foi escrita e sequer pensada.
Esse escritor que voz fala, que vendeu livro de mão em mão em Santo Amaro, e ainda vende por todo lugar que vai, nunca legitimou os ataques a Policia Militar, nem sequer deu voz a nenhuma facção.
Pena que defender a periferia seja covardemente confundido com defender bandido.
nem os de terno, nem os de revólver na mão.
Eu não estava assistindo pela tv, estava em meu comércio que também fechou antes das seis da tarde, eu não estava num apartamento como dito num post abaixo, eu estava no centro de toda essa guerra, só que como todo povo brasileiro eu não a provoquei.
É lamentável a verborragia de certos identificados como policiais, saibam que vida não se mede, assim como o ódio.
Os mais de 100 policiais não são menos nem mais seres humanos que os mais de 100 civis mortos. São todos vítimas, de um governo que abandonou a ambos para tentar outra candidatura.
E nunca falei no confronto, estou falando das chacinas, de uma minoria da policia.
Que ao propagar esses atos, legitima a mal fama de toda a corporação, ninguém nota pelo amor de Deus, que ambos os lados estão abandonados? não se tem interesse em informar o policial, ele é jogado na rua para o combate, e muita vezes seus superiores nem sabem quem é de fato o inimigo.
Agora ser ameaçado, como acontece nesses posts, mostra uma ignorância para quem como todo os outros escritores, musicos, poetas etc, que na verdade sempre trazem cultura, e cultura não deixa a violência brotar, porque ela conscientiza.
mais uma vez, um pais melhor, sem intolerâncias, e com mais diálogo, desde que feito com respeito.
Mano não é ladrão, ladrão anda de carro importado hoje em dia, e quem tá morrendo tá de chinelo andando na perifa, ou conseguiu passar num concurso e recebeu uma farda, ambos somos vítimas, só que por motivos que as vezes nem sabemos, se há de fato algum motivo.
Ferréz”