Agricultores interditam a BR-101

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) interditaram por quase duas horas, a BR-101, principal ligação de Sergipe ao centro-sul do país. A manifestação ocorreu na rodovia que corta o município sergipano de Estância, exatamente na ponte que passa sob o rio Piauitinga, causando uma fila dupla de carros e caminhões de mais de um quilômetro. A mobilização teve como objetivo principal alertar para a situação dos trabalhadores assentados que vêm passando dificuldades por não ter acesso a crédito para custeio.
O manifesto também serviu para pressionar o governo federal a cumprir as metas da reforma agrária e denunciar a onda de despejo de famílias acampadas na região sul de Sergipe. Conforme cálculos do MST, em dois meses cerca de 660 famílias foram expulsas das áreas de acampamento por decisão da Justiça. "Em todos os casos, a determinação não se limitou apenas à retirada dos trabalhadores, mas também a demolição e queima dos barracos. Vale ressaltar que muitas dessas ações de despejo partiram da Justiça estadual, quando deveriam ser concedidas pela Justiça federal, isso porque os trabalhadores se encontravam à beira de rodovias federais", afirma a ouvidora agrária Risalva Aguiar.
O mais recente despejo foi na fazenda Berta Grande, em Estância. Do local foram retiradas 157 famílias que estavam acampadas há três anos. "O Incra já havia realizado a vistoria da propriedade, mas ainda assim houve a reintegração de posse", disse a ouvidora agrária.
Além dos freqüentes despejos, o manifesto teve como foco as dificuldades enfrentadas pelo trabalhador rural, principalmente em relação ao crédito. "O índice de inadimplência é alto e no momento os bancos não estão abertos a negociação. Com isso, as famílias assentadas estão praticamente paradas, sem produzir.
Segundo informações do MST, hoje (23/05), o movimento vai realizar diversas manifestações em todo país, para pressionar o INCRA e os bancos, a liberar financiamento para os assentados de todo o país.