Com essas palavras o presidente do Instituto Maurício Grabois (IMG), Adalberto Monteiro, abriu o 2º Seminário Nacional de Cultura, nesta sexta-feira (19), em Brasília.
O evento recebeu o nome do ator Francisco Milani. A presidente do IMG-DF, Valéria Duarte, após dar as boas vindas aos participantes, leu texto, de autoria de Adalberto Monteiro, em homenagem ao ator e comunista que morreu este ano, lembrando da participação dele no primeiro Seminário, realizado em 2003. Clique no link para ver a íntegra do texto lido por Valéria Duarte: https://dev.vermelho.org.br/francisco_milani.htm
O seminário prossegue neste sábado (20), reunindo artistas, gestores públicos de cultura e ativistas culturais ligados ao IMG "para dar seqüência à construção de uma corrente de opinião e atuação nos movimentos culturais e no meio artístico e cultural", explicou Adalberto.
"As discussões servirão ainda para a elaboração de uma plataforma cultura para as eleições presidenciais e demais níveis de governo. É parte dos objetivos do Seminário elencar pontos para um programa de cultura para o Brasil", anunciou o presidente do IMG, acrescentando que "esta elaboração poderá se somar aos esforços da Conferência Nacional de Cultura, realizada em 2005, pelo Ministério da Cultura, e ainda influir no processo de construção do Plano Nacional de Cultura previsto por emenda constitucional aprovada no ano passado".
Inverter pauta
No primeiro dia do evento, os palestrantes fizeram uma discussão sobre cultura, identidade nacional e desenvolvimento. Célio Turino, secretário de Programas e Projetos do Ministério da Cultura, destacou que "é preciso sair do lugar comum na construção de políticas públicas", dizendo que não se deve ficar restrito as realizações de shows e eventos, "que é importante na sociedade excluída, mais importante é transformar, e melhor ainda se puder realizar transformando numa perspectiva emancipatória".
Segundo Turino, é preciso "inverter a pauta de construção de políticas públicas". Ele critica a busca pelo grande objetivo que é emprego e salário, que representa "direito de ser mais explorado", enfatizando que "isso não é pauta de quem quer mudar a sociedade".
Ele diz enfático que "pauta de quem quer mudar sociedade é emancipação, superação da alienação. Vamos construir isso não com mais trabalho, que não tem germe transformador, tem elemento de inclusão no mercado, enquanto cidadãos passivos, que não transformam e se transformam em consumidores".
Turino alerta que "aonde a gente encontra uma fresta para mudar tudo isso é na cultura, na arte, no tempo extra-exploração do trabalho e do mercado, que domina os nossos desejos, penetra na nossa alma e nós mói", afirmou.
Refém dos tucanos
O secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, Alfredo Manevy, que dividiu com Turino a mesa sobre identidade cultural, destacou o papel da cultura "na construção de políticas públicas dinâmicas, por que incorpora o mais tradicional elemento e aproxima ao mais avançado processo tecnológico".
O secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, Alfredo Manevy, que dividiu com Turino a mesa sobre identidade cultural, destacou o papel da cultura "na construção de políticas públicas dinâmicas, por que incorpora o mais tradicional elemento e aproxima ao mais avançado processo tecnológico".
Para Manery, "nós continuamos refém da análise tucana dos anos 90, centrada na minimização do Estado ou instituições repassadoras de recursos", para justificar a rejeição ao projeto de criação da Agência Nacional do Audiovisual (Ancinav), "quando se propôs a mudança regulatória, que é o que deve ser feito pelo Estado, que não é produtor ou disponibilizador do serviço, ele deve oferecer meios para que a produção cultural aconteça fora dele", explicou Manery.
"A Ancinav, insistiu Manery na explicação da proposta, tinha objetivo de regular economicamente o processo de produção audiovisual, que foi enfrentada por grupo de interesses centralizadores".
Para ele, "é preciso provocar reflexão que transcenda agenda que nos foi imposta nos anos 90. O desafio é imenso nesse horizonte institucional, mas estamos construindo no MinC esse processo de flexibilizar o estado brasileiro para que consiga absorver, sem neutralizar a dinâmica cultural, produção de saberes".
Experiência prática
A segunda mesa, no período da tarde, que discutiu "Experiências de gestão pública na área da cultura: a política cultural do governo federal e outras experiências de participação em governos locais", reuniu o coordenador do Plano Nacional de Cultura do MinC, Elder Vieira, o secretário de Cultura de Olinda, João Falcão e o secretário de Assuntos Institucionais do PCdoB, Ronald Freitas.
A segunda mesa, no período da tarde, que discutiu "Experiências de gestão pública na área da cultura: a política cultural do governo federal e outras experiências de participação em governos locais", reuniu o coordenador do Plano Nacional de Cultura do MinC, Elder Vieira, o secretário de Cultura de Olinda, João Falcão e o secretário de Assuntos Institucionais do PCdoB, Ronald Freitas.
Coube a Ronald fazer uma análise da relação dialética entre cultura e Estado, por meio de uma panorâmica sobre a formação do estado nacional, desde a pré-antiguidade até a idade moderna. Para o líder comunista, "a cultura é importante instrumento na construção do Estado", destacando que "a cultura que une passado, presente e futuro".
Os dois outros palestrantes concentraram suas falas nas experiências práticas e atuais que estão sendo vivenciadas pelos comunistas na gestão cultural. Destacaram as dificuldades para "colocar na prática os conceitos e princípios discutidos no seminário", disse João Falcão; enquanto Elder Vieira destacou como características dos comunistas "a criatividade e agilidade" para superar os problemas e criar programa importantes na área de cultura que representa a concretização das discussões, como os Pontos de Cultura, projeto de valorização da cultura popular do Ministério da Cultura.
Papel da cultura
Na abertura, Adalberto Monteiro, fez um balanço do primeiro Seminário Nacional de Cultura realizado em novembro de 2003, em São Paulo, com a participação de cerca de uma centena de pessoas de 17 estados, com debates sobre cultura e identidade nacional, políticas públicas para o setor cultural e ações dos movimentos pela democratização da cultura.
Na abertura, Adalberto Monteiro, fez um balanço do primeiro Seminário Nacional de Cultura realizado em novembro de 2003, em São Paulo, com a participação de cerca de uma centena de pessoas de 17 estados, com debates sobre cultura e identidade nacional, políticas públicas para o setor cultural e ações dos movimentos pela democratização da cultura.
"O PCdoB reconhece o papel essencial da cultura no processo libertário dos países e povos e, por conseguinte, a importância que a cultura deve ter para todas as forças políticas e sociais que integram o movimento transformador", explicou Adalberto Monteiro.
Naquela época, ficou demonstrado que os comunistas já estavam inseridos no universo cultural brasileiro, seja em movimentos, instâncias de governo ou na presença, entre seus militantes, de estudiosos da temática cultural e de criadores das diferentes manifestações artísticas.
No balanço de Adalberto Monteiro, de novembro de 2003 para cá, "a cultura brasileira se fortaleceu decorrente de uma ação conjunta do Ministério da Cultura com as Secretarias e Fundações Estaduais e Municipais de Cultura do país; com iniciativas do Congresso Nacional e dos parlamentos estaduais e municipais, bem como pela ação dos movimentos sociais de cultura e, também, senão pelo aumento da produção cultural, pelo incremento de sua divulgação e circulação.
Participação dos comunistas
"Este fortalecimento da cultura brasileira se deu por mérito do trabalho convergente do conjunto das forças políticas progressistas do país. Os comunistas, como integrantes dessas forças avançadas, orgulham-se de terem se engajado nesse processo em todos os seus setores", afirmou.
"Este fortalecimento da cultura brasileira se deu por mérito do trabalho convergente do conjunto das forças políticas progressistas do país. Os comunistas, como integrantes dessas forças avançadas, orgulham-se de terem se engajado nesse processo em todos os seus setores", afirmou.
Essa atuação se reflete na ampliação dos espaços dos comunistas nas diversas instâncias de poder, destacou Adalberto, citando os casos dos comunistas que exercem cargos no Ministério da Cultura. Ele ressaltou ainda a presença dos comunistas em muitas Secretarias, Fundações Municipais e Estaduais de Cultura, em Alagoas, Amapá, Aracaju; Santana (no Amapá), Conceição do Araguaia (no Pará); Passo Fundo (no RS) e Olinda, da prefeita comunista Luciana Santos.
Programação
Neste sábado (20) haverá discussão sobre "Os movimentos sociais de cultura: experiências de intervenção cultural a partir dos artistas e movimentos sociais", com o diretor teatral e membro do Movimento Arte contra a Barbárie, José Renato; o ator e ex-coordenador do Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), Ernesto Valença e o deputado estadual, Javier Alfaya, da Bahia. O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gustavo Petta vai funcionar como moderador.
Neste sábado (20) haverá discussão sobre "Os movimentos sociais de cultura: experiências de intervenção cultural a partir dos artistas e movimentos sociais", com o diretor teatral e membro do Movimento Arte contra a Barbárie, José Renato; o ator e ex-coordenador do Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), Ernesto Valença e o deputado estadual, Javier Alfaya, da Bahia. O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gustavo Petta vai funcionar como moderador.
À tarde, haverá apresentação do tema "Pontos para um programa: sintetizando reflexões que serão realizadas durante todo o Seminário". O objetivo desta mesa é compilar pontos para um programa de cultura para o Brasil. Participam dos debates o secretário-executivo do Ministério da Cultura, Juca Ferreira e o diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Manoel Rangel, tendo como moderadora a chefe de gabinete do Secretário de Programas e Projetos do Ministério da Cultura, Antônia Rangel.
De Brasília,
Márcia Xavier