CNM/CUT lança nota demissões na GM
A Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM), vinculada à CUT, divulgou nota sobre as 960 demissões anunciadas pela General Motors no Brasil. O texto procura esclarecer as motivações da montadora e alerta
Publicado 18/05/2006 16:46
A General Motors anunciou no último dia 15/05/2006 a sua intenção de demitir 960 trabalhadores na fábrica de São José dos Campos (SJC) alegando que, face aos altos custos de produção no Brasil (e em especial em SJC) com a valorização do real frente ao dólar, reduziria o seu programa de exportação em cerca de 50.000 veículos/ano. Mencionou também que abasteceria os mesmos mercados a partir de sua unidade na Espanha.
A CNM/CUT esclarece aos trabalhadores e à opinião pública:
A GM Norte-americana anunciou em Novembro de 2005, 30.000 demissões nos EUA e Canadá como parte de um “plano de reestruturação”;
A GM Europa (dona das marcas Opel, Saab e Vauxhall), que já demitiu 12.000 trabalhadores em 2005, anunciou nesta semana pelo menos 1.000 demissões na fábrica de Ellesmere Port no Reino Unido, dizendo que a mesma pode ser fechada e ainda ameaça o fechamento das fábricas de Azambuja, em Portugal e Bochum, na Alemanha, entre outras;
Pelas dificuldades momentâneas da GM nestes mercados ela tem vendido ativos e participações para fazer fluxo de caixa (entre outras a GMAC, braço financeiro da GM, a Divisão Eletromotriz e suas participações na Suzuki, Isuzu, Subaru e Fuji Heavy Industries);
Portanto as demissões anunciadas no Brasil devem ser entendidas, antes de mais nada, no escopo de uma reestruturação mundial da empresa;
A jornada de trabalho na fábrica de Figueruelas – Zaragoza (única planta na Espanha) é de 38,5 horas semanais e em SJC é de 40 horas semanais. O salário médio mensal em SJC é 40% menor que na GM/Opel – Zaragoza. Como os custos de material representam cerca de 2/3 dos custos totais e são preços sobretudo em Euros ou preços internacionais (commodities), não parece verossímil que os custos na Espanha sejam menores, ainda mais considerando que a Espanha está na zona do Euro que tem cotação 30% superior ao dólar.
A CNM/CUT buscará auxiliar na negociação com a empresa, entidades patronais, governos, etc. medidas que evitem tais cortes de postos de trabalho que, somados aos da Volkswagen, podem gerar um impacto de centenas de milhares de postos de trabalho ao longo da cadeia produtiva. Já estabelecemos contatos com os Sindicatos que representam os Trabalhadores na GM nos outros países afetados e vamos atuar conjuntamente sob a coordenação da Federação Internacional dos trabalhadores Metalúrgicos (FITIM).
São Paulo, 17 de Maio de 2006
Carlos Alberto Grana é Presidente da CNM/CUT
Valter Sanches é Secretário de Organização da CNM/CUT