Prodi promete retirar Itália do Iraque “o quanto antes”
O primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, afirmou na quinta-feira que vai reverter a maior parte das políticas de seu antecessor, Silvio Berlusconi, e prometeu trazer para casa os soldados italianos envolvidos na ocupação do Iraque.
Publicado 18/05/2006 15:16
Apresentando seu programa de governo um dia depois de a coalizão de centro-esquerda ter sido empossada, Prodi disse que a Itália "precisa de um solavanco social, econômico e moral" para marcar um rompimento claro com o passado.
"Avaliamos que a guerra no Iraque e a ocupação do país sejam um erro grave", afirmou Prodi ao Senado. O premiê venceu Berlusconi por uma pequena margem de votos na eleição geral do mês passado.
"Essa ação não resolveu, mas sim complicou a situação da segurança", afirmou. "O terrorismo encontrou uma nova base no Iraque e novas desculpas para os ataques terroristas dentro e fora do país."
Prodi disse que irá propor ao Parlamento retirar todos os cerca de 2.600 soldados italianos presentes no território iraquiano, considerando que a manobra será combinada antes com todos os envolvidos e que pretende manter as relações da Itália com os Estados Unidos. Alguns membros da coalizão governista exigem a retirada imediata das forças italianas.
"Solavanco enérgico"
Internamente, o dirigente prometeu reverter muitas das políticas que definiram os cinco anos do mandato Berlusconi, entre as quais as novas leis eleitorais, a lei trabalhista que precariza o emprego, a regulamentação dos meios de comunicação e as leis de imigração.
"Nosso país precisa de um solavanco enérgico", afirmou Prodi, em seu discurso de 90 minutos, acrescentando que não se referia apenas à falta de crescimento da economia, mas também à necessidade de "restabelecer a cultura da legalidade".
"Em nossa sociedade, há um clima de tolerância e de acostumar-se a comportamentos eticamente repreensíveis, se não francamente ilegais, a grandes conflitos de interesse, a processos de enriquecimento repentino e vergonhoso", disse.
"Há uma crise moral: a esperteza não deve prevalecer," acrescentou, prometendo combater a sonegação de impostos.
Segundo Prodi, o novo governo está tomado por um sentimento de "urgência" já que a economia da Itália não cresceu nada em 2005, pela segunda vez em três anos, e a dívida pública do país aumentou pela primeira vez em uma década.
Lei eleitoral anti-democrática
Prodi prometeu aprovar uma nova regulamentação para os meios de comunicação e tornar mais dura a lei sobre conflito de interesses, uma referência clara às acusações que perseguiram Berlusconi, controlador da maior empresa italiana do setor.
O premiê também afirmou que revisará a lei aprovada no governo de direita de Silvio Berlusconi, que aumentou a precarização do mercado de trabalho. Prodi prometeu ainda modificar as leis de imigração e a lei eleitoral, instauradao por Berlusconi e fortemente criticada por ser anti-democrática.
A lei eleitoral de Berlusconi substituiu o regime de maioria absoluta por uma votação. Este sistema havia sido abandonado em 1993 porque levava à constituição de maiorias instáveis. Antes do retorno dessa lei, 75% dos deputados eram eleitos por maioria absoluta e 25% por voto proporcional. A nova lei estabelece que os partidos com menos de 4% dos votos não têm representação parlamentar. Esse projeto foi cirticado pela oposição porque representou um golpe, de Berlusconi, para tentar garantir a vitória da sua coligação nas últimas eleições.
Com agências internacionais