Venezuela: EUA querem criar condições para nos atacar
O governo venezuelano denunciou que a nova estratégia imperialista contra seu país. O governo Bush anunciou hoje – sem provas – que a Venezuela não coopera com a luta contra o terrorismo. Com isso, fica proibida a venda de armas para o país.
Publicado 16/05/2006 16:22
Em entrevista à BBC durante uma visita a Londres, Chávez afirmou que os EUA são um "império impotente" e de que seu governo irá desconsiderar a proibição. "O império norte-americano está se convertendo em um tigre de papel", afirmou o líder bolivariano. "Se é verdade que o império está tomando ações contra nós, primeiro é uma confirmação do abuso imperial e do desespero imperial, (e) segundo não levaremos em consideração. É um império impotente", acrescentou.
A chancelaria venezuelana divulgou nota afirmando que “o governo norte-americano escalou alturas de cinismo e sem-vergonhice ao tentar vincular a Venezuela com sua particular visão do terrorismo internacional”. E reiterou que o governo Bush “considera que a Venezuela não colabora com a luta contra o terrorismo porque não apóia o genocídio que iniciou o país norte-americano contra o Iraque”.
Para o Ministério de Relações Exteriores, Venezuela não apoiará o genocídio contra o povo iraquiano nem deixará de denunciá-lo e condená-lo com todas as forças em todos cenários possíveis. Se isso é não colaborar, não iremos fazê-lo “sob nenhum conceito ou pretexto”.
A nota da chancelaria também se refere à pressão imperialista sobre o governo iraniano: “se condenar a pretensão de impor ao povo do Irã à renúncia do seu direito legítimo de desenvolver tecnologia nuclear com fins pacíficos, sob a ameaça extrema de empreender ataques militares contra ele, é não colaborar, Venezuela responde orgulhosamente que jamais irá se prestar, sejam quais sejam as pressões, às exigências dessa natureza”. ProibiçãoSegundo informações do Departamento de Estado norte-americano, a proibição inclui todo tipo de vendas militares e de tecnologia e armamento americanos e de outras nações a Caracas. A medida anunciada abrange a tática desenvolvida nos últimos meses pelos EUA de se opor às vendas feitas por terceiros países à Venezuela de armamento com tecnologia americana, como é o caso do Brasil e da Espanha.
Fontes anônimas do Departamento de Estado afirmaram às agências internacionais de informação que o governo Bush estaria preocupado com a “estreita relação” de Caracas com Cuba e Irã, dois países que os EUA também rotulam como apoiadores do terrorismo. E acusaram a Venezuela de oferecer refúgio ao Exército de Libertação Nacional (ELN) e às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que também são considerados pelos EUA como organizações terroristas.
Na tevê inglesa, Chávez denunciou que quem é realmente terrorista é o presidente dos Estados Unidos George W. Bush. Ele também criticou fortemente a Guerra do Iraque, que foi justificada a partir de uma estratégia similar baseada no falacioso combate ao terror.
Terrorismo de Estado
A nota da chancelaria venezuelana denuncia que não é só terrorista quem realiza atos de terrorismo, mas também quem dá abrigo a terroristas. E isso permite afirmar, “sem erro de errar, que as atuais autoridades norte-americanas são terroristas”.
“A opinião pública mundial conhece suficientemente a proteção que se dá ao maior criminoso dos terroristas do hemisfério ocidental, Luis Posada Carriles, conhecido assassino a serviço da CIA”, diz o comunicado. O governo Bush mantém os criminosos em seu poder sem sequer responder à solicitação de extradição do terrorista, entre outros, a seu país de origem.
A chancelaria venezuelana reafirma que o que está por trás dessa decisão do governo Bush não tem nada a ver com a luta contra o terrorismo. Por trás destas acusações está “uma inútil campanha de desprestígio dirigida a isolar a Venezuela, desestabilizar seu governo democrático e preparar as condições políticas para o ataque”, diz o texto.
“Querem colocar o país em condições de incapacidade para se defender”, denuncia o ministério, que afirma que isso inclui a simples vigilância de suas fronteiras. “Como ocorreu com as negociações para aquisição de aeronaves da Espanha e do Brasil”. Além disso, tentam “separar a Venezuela de muitos queridos irmãos no continente e mundo. E fracassaram e continuarão fracassando”.
A nota termina reafirmando que o governo venezuelano não se curvará aos anseios imperialistas. E avisa: “nosso país tem sua mão amiga do povo norte-americano, mas não duvidará em fechar o punho para responder à agressão, tanto verbal quanto material, que seja empreendida pelo governo imoral e de natureza agressiva como é a que atualmente rege o seu destino”.
Com agências.