PM paulista quer demissão de Secretário Estadual de Segurança
Procurador Rodrigo Pinho defende maior isolamento das lideranças do PCC nas prisões e endurecimento da legislação penal. Presidente da Associação dos Cabos e Soldados da PM quer afastamento do secretário da Segura
Publicado 15/05/2006 21:36
O procurador geral do Ministério Publico Estadual de São Paulo, Rodrigo Pinho, se reuniu na tarde desta segunda-feira (15) com cerca de 30 promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) para avaliar tanto a situação de violência desencadeada pelo PCC quanto para estudar formas de reprimir a ação do crime organizado.
Pinho, que falou à Agencia Carta Maior no final da tarde, reforçou a tese da necessidade de maior isolamento das lideranças do PCC nas prisões através do impedimento do acesso a celulares e o corte absoluto de todas as formas de comunicação com as bases fora das prisões, mas cobrou também um endurecimento da legislação penal.
Como já vem defendendo desde o início do ano, Pinho acredita que uma das medidas urgentes agora é a aplicação do Regime Diciplinar Diferenciado (RDD) – que prevê o recolhimento do criminoso em cela individual e visitas semanais de apenas duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas – a todos os líderes do PCC. Ainda em janeiro, o MP solicitou que a medida fosse aplicada ao chefe da facção Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola. Na época, o procurador geral afirmou à revista Consultor Jurídico que "as lideranças do PCC cresceram, se alastraram, e o MP vê nesse regime uma forma eficaz de controlar os ataques”.
Pinho também defende maior investimento no serviço de inteligência das polícias e do MP. Segundo ele, a facção criminosa logrou construir uma sólida rede de organização intra e extra-presídios, que, no entanto, não tem nenhuma relação com as forma de organização de esquerda na época da guerrilha urbana ou com qualquer outro grupo ideológico da América Latina. “O ideário do PCC é de bandidagem comum, não existe nenhum outro ideário”, afirma.
O MP também quer que se torne mais grave o crime contra agentes do Estado e que se acabe com a cultura de benevolência em relação aos criminosos. Este último ponto faz referência ao indeferimento pela Justiça de um processo do Gaeco contra o líder do PCC, Marcos Herbas Camacho, o Marcola, que quer incluir em sua condenação o crime de membro de quadrilha baseado em informações advindas de um processo de delação premiada. “Temos que incorporar os métodos utilizados na Itália contra facções criminosa como a Brigada Vermelha, por exemplo”, afirmou.
Sobre a ação da polícia, Rodrigo Pinho acredita que, em uma situação de emergência como a vivida em São Paulo, a força policial “não pode ser inibida quando age em legítima defesa”, mas é necessário que todas as ações de repressão ao crime e aos criminosos ocorram estritamente dentro da legalidade.
DESCONTENTES
Depois de ter enviado ao governador Cláudio Lembo, ainda no dia 13, sábado, um oficio com duras críticas à política da Secretaria de Segurança do Estado e ao Secretário, Saulo Abreu Filho, o presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar do Estado e São Paulo, o cabo da PM Wilson Morais, voltou a atacar Abreu nesta segunda.
Segundo Morais, a falta de comunicação da Secretaria de Segurança Pública com os policiais seria uma prova de que “o secretário não tem respeito pelos policiais. Eles (o governo) já sabiam que os ataques iam acontecer desde a transferência dos presos na quinta-feira. O secretário tinha a obrigação de deixar as bases comunitárias e o efetivo em alerta”. Chamando Saulo Abreu de “arrogante e prepotente pq não conversa com as entidades de classe”, Morais voltou a defender a demissão do Secretário.
Na nota de sábado, a Associação dos Cabos afirmou que “a ousadia de bandidos e do crime organizado está crescendo porque o próprio Estado se mostra incompetente em função da fragilidade do aparelhamento policial. (…) A Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que congrega 40 mil associados e 122 mil dependentes diretos, vem a público afirmar que não existe outra alternativa para acabar de vez com a onda de violência em nosso Estado, a não ser demitir sumariamente os Secretários de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, e da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa”.
Fonte: Agência Carta Maior