Herança maldita: BNDES tenta reaver investimento em “micos”

A farra com dinheiro público do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social na “era FHC” resultou num gigantesco prejuízo. Apesar de avaliada em R$ 48,2 bilhões ao final de 2005 e com a geração de lucro de R$ 1,075 bilhão no ano passado, a cartei

Sem expectativa de se desfazer desses papéis pelas vias tradicionais, vendendo-os no mercado (muitos nem são mais negociados), o BNDES move ações contra todas essas companhias. No caso do Mappin, são R$ 47 milhões envolvidos. No da Arapuã e da Bombril, a indenização pedida é de R$ 30 milhões cada uma. Em todos esses casos, o BNDES move ações na Justiça contra os controladores das companhias porque o contrato de compra dos papéis previa a recompra das ações pelos donos em caso de falência ou concordata.

O Mappin, por exemplo, chegou a recomprar as ações em poder da BNDESPar -representantes de 22,34% do capital da companhia-, mas seu controlador, Ricardo Mansur, não pagou. O superintendente de mercados de capitais do BNDES e responsável pela BNDESPar, Fábio Sotelino, diz que todas as carteiras embutem riscos, por isso é preciso criar um portfólio diversificado. Apesar dos investimentos que não geraram retorno, Sotelino afirma que a carteira da BNDESPar "é extremamente rentável", até por sua natureza de longo prazo – diferentemente dos fundos de ações, que têm de se desfazer dos papéis para honrar resgates.

Ainda assim, diz, a BNDESPar não está imune a maus negócios, como o da Arapuã – em que tem 4,22%. Na Chapecó, o BNDES entrou no negócio num processo de recuperação da empresa, ao converter dívidas em ações e ficar com 29,65% do capital. De todas as empresas com problemas, Sotelino diz que deposita mais esperanças na Bombril, passado o conflito societário entre Ronaldo Ferreira Sampaio, que vendeu o controle para o dono da Cirio, o italiano Sérgio Cragnotti, que não teria pago. Para Sotelino, a carteira da BNDESPar tem de ser analisada como um todo, e extrair parte dela e fazer uma avaliação em separado induzem ao erro.

 
Com agências