Acordo deve sepultar candidatura do PMDB

Um acordo da ala governista do PMDB com setores oposicionistas da sigla deverá sepultar politicamente amanhã, em uma convenção em Brasília, a candidatura presidencial do partido e, por conseqüência, a postulaç&atilde

Um acordo da ala governista do PMDB com setores oposicionistas da sigla deverá sepultar politicamente amanhã, em uma convenção em Brasília, a candidatura presidencial do partido e, por conseqüência, a postulação de Anthony Garotinho ao Planalto.

A eventual candidatura do ex-presidente Itamar Franco à Presidência também deverá ser descartada, segundo o acerto.

A Folha apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deverá disputar a reeleição, e o ex-governador Geraldo Alckmin, candidato tucano à Presidência, já foram informados de que o PMDB não apoiará nenhum dos dois no primeiro turno, marcado para 1º de outubro. Ou seja, o partido priorizará as coligações estaduais para tentar eleger 14 governadores e voltar em 2007 como a maior bancada do Senado e uma das primeiras da Câmara.

Em almoço anteontem com Lula, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), um dos principais líderes da ala governista, disse que o acordo em costura com os oposicionistas previa o fim da candidatura própria, mas também a decisão de não se aliar a PT nem a PSDB no pleito presidencial. Lula ainda insistirá num vice peemedebista, mas a possibilidade hoje de obter sucesso é remota.

No início da semana, em conversa com Alckmin, o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), que defendia há até pouco tempo Garotinho, disse que a maioria do partido tendia a optar por não concorrer ao Planalto e não se aliar na campanha presidencial.

O acordo é resultado da decisão judicial que determinou que continua válida para a próxima eleição a regra da verticalização. Essa regra restringe a liberdade de alianças nos Estados. Impede que um partido que apóie Lula nacionalmente se alie a um adversário do PT na campanha presidencial.

Como a maioria das seções estaduais peemedebistas quer alianças ora com o PSDB, ora com o PT, nasceram as condições políticas para um entendimento.

Garotinho

A greve de fome feita por Garotinho, desaprovada pela maioria dos dirigentes peemedebistas, foi a gota d'água para sepultar seu projeto presidencial. Na convenção de amanhã, a cédula pedirá que os 528 convencionais digam sim ou não à candidatura própria.

O total de votos possível é de 726, pois há convencionais que optam mais de uma vez por acúmulo de funções partidárias. A convenção ocorrerá amanhã no Senado, das 9h às 17h.

A intenção da cúpula é dar uma sinalização política para acelerar as negociações nos Estados. Já está na conta a possibilidade de nova guerra judicial, a exemplo do que aconteceu com a convenção de dezembro de 2004.

Naquele mês, a ala governista se ausentou do encontro, e os oposicionistas venceram, decidindo por uma candidatura à Presidência em 2006. De lá para cá, a ala oposicionista se dividiu. A maior parte abandonou Garotinho.

Como a legislação prevê que as convenções que homologam candidatos e alianças para as eleições devam ocorrer entre 10 e 30 de junho, a ala governista e um oposicionista trabalharão para inviabilizar a convenção nacional no próximo mês. Assim, o PMDB não teria candidato nem aliança.

Renan

Pela segunda vez ocupando interinamente a Presidência da República (Lula está na Áustria), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi recebido ontem na Casa com honras de chefe de Estado -com tapete vermelho e recepção de líderes de partidos. Ele participou da sessão de comemoração dos 180 anos do Senado, ao lado da presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Ellen Gracie.