Para petistas, depoimento de Silvio Pereira não traz fatos novos
Para o senador Sibá Machado (PT-AC), o depoimento de Sílvio Pereira revela que, quando deu a entrevista, o ex-secretário estava em um estado emocional comprometido. “O que ele deixa claro é que, quando ocorreu a entrevista ele estava em um co
Publicado 10/05/2006 20:45
O ex-secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, depôs nesta quarta-feira na CPI dos Bingos, no Senado. Disse estar passando por um período de “forte emoção” e que, apesar de confirmar ter conversado por oito horas com uma jornalista do jornal O Globo, “não sabe mais onde está a verdade” na entrevista publicada pelo jornal, no último domingo.
Questionado pelos parlamentares, ele disse inicialmente não ter lido a entrevista e não saber “se tirou as respostas de sua cabeça, da imprensa ou de ouvir”. “Não posso confirmar sobre o que não tenho mais nenhuma certeza”, afirmou.
Sobre suas afirmações ao jornal O Globo de que a intenção do empresário Marcos Valério era arrecadar R$ 1 bilhão envolvendo quatro áreas – bancos Econômico, Mercantil, Pernambuco e Opportunity – Sílvio Pereira afirmou que estava descontrolado. “Eu não estava no meu estado emocional tranquilo e não estava em condições de fazer acusações a ninguém. Estou aqui por determinação. Senão, estaria fora do ambiente político”, disse.
Sílvio Pereira também não confirmou as acusações que teria feito na matéria de que haveria mais de “cem Marcos Valérios”. Ele afirmou que pretendia dizer que “é preciso investigar muitos marcos valérios por aí. Eu não estava discutindo o PT, mas o país, o Brasil”.
Questionado por parlamentares se temia alguma coisa, Sílvio Pereira afirmou que “o principal medo que tenho é de mim mesmo”, disse. Afirmou que, se cometeu erros, vai pagar por eles, mas voltou a insistir que não tem discernimento para confirmar ou negar as afirmações feitas por ele na entrevista ao O Globo. “Não estou em condições de saber o que é fantasia da minha cabeça ou fato conhecido”, disse.
Ao responder ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sobre o posicionamento político do presidente Lula, Sílvio Pereira afirmou que não lembra de nenhum episódio no qual o presidente Lula tenha feito qualquer tipo de orientação “que possa ser considerada desonesta ou ilícita”.
Para o senador Sibá Machado (PT-AC), o depoimento de Sílvio Pereira revela que, quando deu a entrevista, o ex-secretário estava em um estado emocional comprometido. “O que ele deixa claro é que, quando ocorreu a entrevista ele estava em um contexto transtornado, então não pode assumir o que é fato ou não. A oposição se acha, mais, uma vez, sem nenhum fato novo”, disse.
A senadora Ideli Salvatti (PT-ES) perguntou ao ex-secretário se ele se sentia ameaçado e afirmou que, pela entrevista e pelo depoimento de Sílvio Pereira, não há fato novo. “E se não há fato novo, o assunto já está em investigação e quem está investigando deste assunto, o Ministério Público, não está contaminado pelas paixões eleitorais do Congresso”. Sílvio Pereira respondeu que ninguém o havia ameaçado.
Investigações O líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), afirmou que o depoimento de Sílvio Pereira não contribuiu em nada para aprofundar as investigações e para garantir punição a quem tem culpa. Para o líder, o depoimento de Sílvio Pereira “é algo rotineiro”. Ele defendeu que as investigações continuem se aprofundando em relação aos focos de corrupção, mas que nesse momento, entretanto, “só existe ambiente de luta política”.
Segundo o vice-líder do PT, Fernando Ferro (PE), “criou-se uma situação que mistura irresponsabilidade com descontrole”. “Sílvio Pereira faz uma declaração para um jornal e diz na CPI que desconhece o que disse”, avaliou.
Fonte: Informes