Jayme Ramos: “O grande desafio da CUT será as eleições”
Publicado 10/05/2006 23:45 | Editado 04/03/2020 17:06
Outro aspecto positivo de luta desenvolvido pela CUT foi pautar o processo sucessório da capital em 2004 que teve dois grandes debates: a saúde e os camelôs. Com nosso esforço, a CUT conseguiu mobilizar os trabalhadores do setor informal para a luta por acesso ao trabalho.
AR – Recentemente foi assassinado um sindicalista no Rio de Janeiro. A violência contra os sindicatos ainda é grande no Brasil?
AR – Qual será o grande embate neste congresso cutista?
JR – O grande desafio para o movimento sindical vai ser a batalha política das eleições deste ano. Fazer com que os sindicatos cheguem neste processo de forma mais unida, se não no primeiro turno, mas no segundo, em apoio à reeleição de Lula. As cisões que ocorrem neste momento geram mais dificuldades.
AR – A luta pelas mudanças aumenta com a reeleição de Lula?
JR – Tanto com Lula ou sem ele a luta sindical tende a se acirrar, principalmente no movimento pelas mudanças. Com o Alckmin haverá o aumento da resistência porque será a volta das privatizações, do esvaziamento do estado e da construção da Alca. Com isso, a luta pela soberania nacional tende a se acentuar.
AR – Qual deve ser o papel da Corrente Sindical Classista neste congresso?
JR – A CSC precisa fazer um debate para que a CUT estadual seja capaz de responder os desafios para os próximos três anos e que haja uma participação mais classista da Central. Neste momento de resistência, os sindicatos costumam se voltar para dentro, para as demandas corporativas e não consegue ver a luta de classes como algo viável. Nosso grande desafio é ganhar os sindicatos para uma concepção classista. Precisamos construir fóruns dos servidores estaduais, dar maior organicidade dos regionais do interior. Abordar a campanha do salário o mínimo, pela redução da jornada de trabalho e a importância da democracia do movimento sindical.
AR – Alguns sindicatos deixaram a CUT. Como você vê esta questão?
JR – Todas a cisões foram feitas de forma ilegítima, não representativa.Teve assembléia com 30 e até 11 pessoas. O plebiscito do Sindsprev, por exemplo, foi uma farsa, pois não teve o contraditório, que não teve oportunidade de se manifestar. As assembléias foram convocadas com dois dias de antecedência. Essas divisões só servem de enfraquecimento para os trabalhadores.