Pesquisa revela que o litoral do Piauí tem potencial para produzir ostras
Estudos feitos pela Embrapa no litoral piauiense, iniciado em 2004, mostrou que os municípios que ficam na área litorânea reúnem condições ideais para o desenvolvimento de ostras. A pesquisa revelou ainda que o Piauí
Publicado 09/05/2006 11:42 | Editado 04/03/2020 17:02
As chamadas “ostras-do-mangue”, também encontradas no litoral maranhense, atingiram uma média de crescimento semelhante à da catarinense: seis centímetros. Tamanho adequado aos padrões exigidos no mercado.
No entanto, este tipo de ostra não é “perlífera”; isto é, as suas pérolas não têm valor comercial, mas é comestível e pode ser comercializada.
Seguindo uma tendência mundial, a Embrapa no Piauí realizou estes estudos para aproveitar a capacidade que o molusco tem de filtrar a água.
O objetivo é diminuir o impacto da água suja que é despejada no meio ambiente após ser utilizada nos viveiros de engorda de fazendas de camarão.
O projeto, denominado de “Ostreicultura como uma Alternativa Sustentável para o Aproveitamento dos Efluentes da Carcinicultura”, deve ser concluído em agosto deste ano e está orçado em pouco mais de R$ 31 mil, com recursos oriundos do Banco do Nordeste.
Alitiene Pereira, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Pesca e Aqüicultura da Embrapa, afirma que o Piauí tem grande potencial na área e pode desenvolvê-lo bastante em pouco tempo, se forem disponibilizados investimentos e tecnologia para o setor.
A pesquisadora destaca que o Piauí tem, inclusive, grandes possibilidades de ultrapassar os catarinenses porque o clima daqui favorece esta cultura.
“A ostra que é cultivada em Santa Catarina é japonesa, uma espécie que se desenvolve bem no frio, mas é pouco resistente no calor. Portanto, eles enfrentam esta dificuldade”, diz Alitiene. A pesquisadora garante que, ao contrário da ostra do Sul, a ostra-do-mangue se desenvolve bem no ambiente com calor.
Até agora não há investimentos do setor privado nesta área no Piauí. Mas, segundo Alitiene, várias pessoas já procuraram a Embrapa interessadas em apostar no ramo.
Além de tudo, o projeto tem viés fortemente social. As populações da própria região são beneficiárias, especialmente os catadores de caranguejos, que trabalham nas áreas de mangue, habitat natural das ostras.
A Embrapa Meio Norte também vai atuar com o Projeto Aliança Mandu, através do treinamento jovens para a produção de ostras. O trabalho de campo já começou com o levantamento de aptidões de jovens nos municípios de Ilha Grande de Santa Isabel e Cajueiro da Praia, na região do Baixo Parnaíba.
Esta é uma parceria da Embrapa, associações de classes empresariais, Universidade Federal do Piauí, CARE Brasil e Instituto Floravida, com o objetivo de promover o desenvolvimento e a economia da região.
Ainda não há comércio de ostra processada por aqui porque somente agora o Estado está descobrindo esta nova alternativa. O produto, normalmente, é comercializado em mercados próximos aos locais de criação por causa de dificuldades de, em tempo hábil, ser entregue nas condições exigidas.
Há séculos a ostra é considerada um afrodisíaco, porque são ricas em proteínas, o que ajuda a manter os sentidos aguçados, e em zinco, substância importante na produção do sêmen e que melhora a performance sexual.
Nos restaurantes a unidade chega a custar R$ 15,00; preço alto, se comparado ao valor que os atravessadores repassam. No município de Cananéia, no Estado de São Paulo, por exemplo, há uma relação comercial injusta entre atravessadores e restaurantes, mais ou menos como acontece com o caranguejo do litoral piauiense: a dúzia de ostras, adquirida pelo “atravessador” junto aos produtores por R$ 1,00 em média, é vendida por R$ 15,00 ou mais em restaurantes.