Lula garante: preço do gás não vai subir
Publicado 08/05/2006 10:18
Segundo o presidente, o governo vai negociar com os bolivianos para que o consumidor brasileiro do gás natural não sofra prejuízo. "Quando nós formos negociar o preço do gás com a Bolívia, nós também vamos querer o melhor preço para o nosso consumidor e eles vão querer o melhor preço para a Bolívia e você vai encontrar um denominador comum".
Lula lembrou que a Bolívia não é o primeiro país do mundo a nacionalizar seus recursos naturais. De acordo com ele, decisão como essa já foi tomada no Brasil, Chile, Argentina, Chile, Iraque, Irã, Líbia, México. "Todos os países querem ser donos da riqueza que está no seu subsolo e a Bolívia tem no gás a sua única riqueza; portanto, o povo, de forma plebiscitária, escolheu nacionalizar o gás".
Lula ainda ressaltou que o papel do Brasil, maior economia da América do Sul, é ajudar os países vizinhos a crescer. "O Brasil não quer ser uma ilha de desenvolvimento cercada de países pobres. Nós queremos que todos tenham chance de crescer um pouco", afirmou. Ele destacou também que a melhor forma de resolver os problemas com a Bolívia é na mesa de negociação.
Lula criticou os defensores da aplicação de medidas punitivas aos bolivianos por parte do governo brasileiro. "Não vamos fazer provocação, não vamos fazer retaliação a um país que é infinitamente mais pobre do que o Brasil, um povo mais faminto do que o povo brasileiro. Eu sei que tem gente que gostaria que o Brasil fosse violento. A nossa política é de paz, é de acordo e é de sensatez e eu acho que é isso que vai contribuir para o Brasil", ressaltou.
Luiz Fara Monteiro: Bom dia amigos em todo o Brasil. Eu sou Luiz Fara Monteiro e começa agora o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Tudo bem, presidente?
Presidente Lula: Tudo bem, Luiz.
Luiz Fara Monteiro: Presidente, está tendo muita discussão em relação à questão do gás boliviano. Como é que fica o Brasil com a decisão da Bolívia de nacionalizar as reservas de gás e petróleo? Vai faltar gás no Brasil, por exemplo?
Presidente Lula: Primeiro, vamos dizer ao povo brasileiro uma coisa que o povo precisa saber – que a Bolívia tomou a decisão que tomou como resultado de um plebiscito feito ainda quando o presidente Mesa presidia a Bolívia e 92% do povo boliviano optaram pela nacionalização do gás. É importante lembrar que isso já aconteceu no Brasil, já aconteceu no Chile, já aconteceu na Argentina, já aconteceu no Iraque, já aconteceu no Irã, já aconteceu na Líbia, já aconteceu no México e já aconteceu no Peru. Todos os países querem ser donos da riqueza que está no seu subsolo e a Bolívia tem no gás a sua única riqueza; portanto, o povo, de forma plebiscitária, escolheu nacionalizar o gás. Agora, o fato de a Bolívia nacionalizar o gás não significa que vai faltar gás no Brasil. Nem vai faltar gás no Brasil e nem vai aumentar o preço do gás. Ele vai aumentar quando tiver que fazer a renovação de contrato. De cinco em cinco anos, a Petrobras tem que discutir e fazer o reparo no preço porque o preço sempre será uma coisa que tem uma combinação. Qualquer brasileiro entende isso, ou seja, quando você vai vender um carro, você pede um preço e o comprador lhe oferece outro. Você começa a barganhar e aí você encontra um número. Quem vendeu sai feliz porque acha que vendeu pelo melhor preço do mundo, quem comprou sai feliz porque acha que comprou pelo melhor preço do mundo. Quando nós formos negociar o preço do gás com a Bolívia, nós também vamos querer o melhor preço para o nosso consumidor e eles vão querer o melhor preço para a Bolívia e você vai encontrar um denominador comum. Não tem nenhum problema mais grave do ponto de vista do abastecimento para o Brasil.
Luiz Fara Monteiro: O Brasil, então, não vai ter prejuízo nessa questão com a Bolívia, presidente?
Presidente Lula: Do ponto de vista do fornecimento de gás e do ponto de vista dos preços, o povo brasileiro não terá nenhum problema. Quem tiver táxi a gás, vai continuar usando o seu táxi a gás. Quem tiver gás encanado no seu apartamento, vai continuar utilizando gás encanado. Nós vamos tratar de garantir que o povo brasileiro não seja prejudicado e também não queremos prejudicar o povo boliviano.
Luiz Fara Monteiro: O senhor se encontrou com vários líderes semana passada, não é presidente?
Presidente Lula: Eu pedi a reunião com o presidente Morales, com o presidente Kirchner e pedi ao presidente Chavéz que participasse porque nós estamos pensando em construir um gasoduto que sai da Venezuela, passa pelo norte do Brasil, pelo Nordeste, passa pela Bolívia, vai para a Argentina e vai até o Chile. É um gasoduto muito grande que vai ter praticamente 8 mil quilômetros de extensão e isso pode resolver o problema do fornecimento de gás para o século. Estamos trabalhando nisso e fizemos a reunião para provar que nós precisamos encontrar formas negociadas para desenvolver toda a América Latina.
Luiz Fara Monteiro: Você está ouvindo o Café com o Presidente hoje falando sobre a decisão da Bolívia de nacionalizar as reservas de gás. A reação brasileira foi adequada, presidente?
Presidente Lula: Eu estou certo, tranqüilo, de que o Brasil está fazendo o que deve ser feito. O Brasil não quer ser uma ilha de desenvolvimento cercada de países pobres ao lado. Nós queremos que todos tenham chance de crescer um pouco, todos tenham chance de crescer um pouco. O Brasil pode ajudar, naquilo que nós pudermos ajudar nós vamos ajudar. Nós vamos ajudar o Uruguai, vamos ajudar o Paraguai e vamos ajudar a Bolívia. Esse é o papel da maior economia da América do Sul, que é o Brasil. O povo brasileiro pode ter certeza absoluta de que não tem lugar melhor para a gente encontrar solução dos problemas do que em uma mesa negociando, ouvindo o que os outros têm para dizer e dizendo o que nós queremos dizer. Eu conheço a realidade da Bolívia, eu conheço a realidade do meu Brasil e nós vamos de forma muito, mas muito carinhosa, sentar em uma mesa de negociação e qualquer problema que tivermos, nós vamos resolver com tem que ser resolvido, de forma civilizada. Não vamos fazer provocação, não vamos fazer retaliação a um país que é infinitamente mais pobre do que o Brasil, um povo mais faminto do que o povo brasileiro. Nós estamos tratando isso com carinho. Eu sei que tem gente que gostaria que o Brasil fosse violento. A nossa política é de paz, é de acordo e é de sensatez e eu acho que é isso que vai contribuir para o Brasil.
Luiz Fara Monteiro: Esse é o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula.
Presidente Lula: Nós estamos trabalhando agora, eu dei a orientação ao ministro de Minas e Energia, ao presidente da Petrobras que nós precisamos trabalhar para que o Brasil seja independente. O Brasil não pode ficar dependendo de nenhum país quando se tratar de uma questão energética importante para o desenvolvimento. Nós temos condições de trabalhar nisso. Nós estamos investindo muito em energia alternativa, biomassa, agroenergia. Estamos querendo fazer com que a gente fortaleça outra matriz com a construção de uma quantidade enorme de usinas para que a gente possa produzir biodiesel, que vai gerar milhões de empregos e vai gerar mais um fator de independência para o Brasil.
Luiz Fara Monteiro: Obrigado presidente e até semana que vem.
Presidente Lula: Obrigado a você, Luiz.
Luiz Fara Monteiro: O Café com o Presidente fica por aqui e a gente volta na segunda-feira. Um abraço e até lá.