Cemig reprime reunião sindical com truculência
A truculência se tornou marca registrada de Minas Gerais sob o governo Aécio Neves. Nesta quinta-feira (04/05), dirigentes do Sindieletro foram brutalmente agredidos durante reunião pacífica de trabalhadores na sede da Cemig (Com
Publicado 04/05/2006 19:58
Paulo Adriano, empregado do setor de Tecnologia da Informação, se revelou perplexo com a reação policial. “Nunca esperava uma atitude dessa da Cemig. Quando cheguei, eles já estavam colocando o pessoal do sindicato lá fora”, diz Adriano. “Uma coisa que me assustou foi o cara com uma arma presa nas costas. Quando o Marcelo chamou o policial militar para interrogar o sujeito, ele apresentou uma carteira de policial, mas ele estava à paisana e com a arma presa por uma correia nas costas. Para mim, lembrou o ocorrido na ditadura, as cenas de repressão. Tive a impressão de ver a ditadura voltando”.
“O que eu vi foi uma baixaria”, resume Paulo Gobira (RS/GR). “O que aconteceu foi uma releitura da década de 60, da ditadura, lamentável e desnecessária. A reunião era para esclarecer fatos que não foram esclarecidos pela própria direção da empresa. Era interesse do trabalhador”. Segundo Maria Mazzarello (AC), “a Cemig deu ordens expressas de não deixar o sindicato se pronunciar. Isso gerou mal-estar, provocações verbais, empurrões totalmente desnecessários”. A funcionária lamentou que, nos últimos tempos, a Cemig tenha abandonado o princípio de debate com os trabalhadores.
O Sindieletro acionou a Polícia Militar, na tentativa de conter a repressão, provocada por seguranças da própria Cemig. A postura da empresa — de optar pela violência em vez de negociar com os representantes legais dos trabalhadores — contraria todo o discurso da Cemig, que diz respeitar a liberdade sindical e as determinações da Organização Internacional do Trabalho. Dirigentes agredidos fizeram boletim de ocorrência.
Na reunião que causou o problema, o Sindieletro tratava de compra de anuênios dos empregados — uma proposta que a Cemig tenta efetuar a toque de caixa. A reação desmedida desta quinta-feira revela que a empresa pretende desprezar as reivindicações da categoria e seu sindicato. É prova de que negociações individuais poderão ser impostas, para desarticular o movimento.
Uma das principais queixas dos trabalhadores diz respeito à falta de diálogo e à imposição de políticas impopulares. Aécio e seus asseclas se mostram cada vez mais avessos a receber entidades representativas. “No caso da educação, o governo continua se negando a negociar uma pauta que foi protocolada no mês de março”, lembra Tino, da CUT.