Esquerda volta a pensar em união no DF
A decisão do PFL de lançar uma candidatura pura aumentou a possibilidade de aliança entre PT e PCdoB. Os dois pré-candidatos da esquerda avaliaram que a coligação entre as legendas é fundamental para v
Publicado 03/05/2006 20:27 | Editado 04/03/2020 16:42
Durante um encontro para debater programa de governo com os partidos nanicos, a petista Arlete Sampaio chegou a dizer que está aberta a ouvir a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o impasse. E que se a vontade de Lula pender para Agnelo Queiroz (PCdoB), ela vai convocar a militância do partido para decidir o rumo da candidatura. Promete, no entanto, não fazer força para que isso aconteça. "Vou esperar que aconteça sentada", disse ela.
Apesar da clara resistência em desistir da candidatura, Arlete admitiu que o eventual apoio de Agnelo pode ser decisivo para neutralizar a união entre José Roberto Arruda e Paulo Octávio, candidatos a governador e vice pelo PFL.
"Seríamos estúpidos se não levássemos em conta essa unidade", avaliou. Ao saber da decisão da cúpula nacional do PFL em unir os dois adversários, Arlete telefonou para Agnelo. O pré-candidato também compartilha do desejo de somar esforços, mas bate o pé para que estejam em torno de sua candidatura.
O presidente do PCdoB no Distrito Federal, Apolinário Rebelo, foi até a reunião onde Arlete estava e reforçou a ansiedade pela composição, mas nos moldes propostos pelo PCdoB. "O cenário atual demonstra que a nossa união é fundamental para sustentar a campanha de esquerda, não podemos nos dar ao luxo de ignorar o que ocorreu e insistir em dispersar forças", salientou Apolinário.
Ninguém cede
Mas da mesma forma que o PT, o PCdoB também não sugeriu boa vontade em ceder. O partido de Agnelo está disposto a fechar acordo para apoiar candidaturas do PT em 25 estados. Em contrapartida, pede apoio no Rio de Janeiro, para emplacar Jandira Feghali, e no Ceará, para a candidatura de Inácio Arruda.
O Distrito Federal também está na lista de contrapartidas que o PCdoB negocia para formalizar as aliança com o PT nacional. "O PT tem que parar de olhar só para o campo local e pensar que o mesmo partido que insiste em ter candidatura própria ao governo do Distrito Federal também precisa reeleger o presidente Lula", argumentou Apolinário.
Os partidos nanicos também pressionaram Arlete a se posicionar sobre a eventual possibilidade de compor a chapa de Agnelo. A maior parte dessas legendas prefere o pré-candidato do PCdoB como o cabeça de chapa. A definição do PFL foi um gancho para que as legendas menores tentassem arrancar da petista a sinalização de apoio ao ex-ministro do Esporte.
"O PFL acaba de entrar em um entendimento, agora é a vez de a esquerda demonstrar unidade. Será que a disposição para uma consulta ao presidente Lula e até mesmo a possibilidade de nova reunião da Executiva pode ser interpretada como um sinal de que o PT está disposto a ceder?", questionou o presidente do PPS, Amauri Pessoa a Arlete Sampaio.
Arlete não descartou essa possibilidade. Mas deixou claro que não será por sua iniciativa. Ela afirmou que até agora nem o presidente do partido, Ricardo Berzoini, nem mesmo o presidente Lula pediram qualquer mudança de rumo na candidatura do PT local. Mas confirmou que, se isso ocorrer, o PT está disposto a realizar nova reunião com a Executiva Regional para rever a decisão que apoiou o seu nome. "Se Lula avaliar que devemos abrir mão da candidatura própria para apoiar Agnelo, terá que vir aqui e convencer os militantes a desistir de concorrer", provocou.
Fonte: Correio Braziliense