EUA jogam com Irã como fizeram com Iraque

A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, declarou hoje (30) que o Irã deve parar de "brincar" sobre a crise nuclear, e conclamou o Conselho de Segurança da ONU a mostrar “firmeza” ao examinar a crise iran

Também em 2002-2003 a diplomacia de Washington desenvolveu um movimento de pinça para envolver a comunidade internacional na invasão. De um lado, tratou de empurrar o quanto pôde as instâncias da ONU, em especial o Conselho de Segurança, no sentido de legitimar o uso da força contra o Iraque. De outro, deixou claro que o ataque militar viria, com ou sem o aval das Nações Unidas. O pretexto era, na época, a posse de artefatois de destruição em massa pelo Iraque – o que os fatos pós-ocupoação terminaram por desmentir.

Agora, a secretária de Estado citou  a possibilidade de, se a ONU não agir suficientemente depressa, os EUA e outros países considerarã  “medidas fora da égide do Conselho de Segurança”. Ela voltou a rejeitar igualmente um diálogo direto com Teerã sobre a crise nuclear. "Os iranianos sabem o que devem fazer. Não penso que a ausência de comunicação seja o problema", afirmou à CNN.
Ultimato à americana
Condoleezza rejeitou os gestos de abertura do governo iraniano. Na manhã deste domingo (30), o porta-voz da Chancelaria iraniana, Hamid Asef, se declarou disposto a uma cooperação "máxima" com a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), desde que o Conselho de Segurança da ONU não adote uma nova resolução, desta vez vinculativa.

"Penso que eles (os iranianos) estão brincando. É evidente que, se não for esse o caso, deverão demonstrar a sua boa-fé, suspender o enriquecimento (de urânio) e responder à lista de exigências da AIEA e do Conselho de Segurança e, então, regressar à mesa das negociações", disse a secretária de Estado à rede de TV norte-americana ABC.
Polêmica com a Rússia e a China

Condoleezza Rice reafirmou que os Estados Unidos desejam, a partir de agora, uma resolução mais dura do Conselho de Segurança para aumentar a pressão sobre Teerã. E voltou a se referir a sanções no âmbito do Capítulo 7 da Carta das Nações Unidas.

"A credibilidade da comunidade internacional está em causa e somos, assim, confrontados com uma escolha", acrescentou ela, polemizando com as resistências a sanções evidenciadas pela China e a Rússia, ambas membros permanentes do Conselho de Segurança, portanto com direito de veto.

"Ninguém está falando de sanções do petróleo ou gás", especificou Condoleezza , em outra entrevista, para a rede CBS . Ela mencionou  sanções financeiras, como o congelamento de bens. "Vamos proceder passo a passo", disse ainda.
Os próximos movimentos da diplomacia

Após a divulgação, na sexta-feira passada, do duro relatório da AIEA, que afirma que o Irã não coopera totalmente com a ONU no seu programa nuclear, várias reuniões diplomáticas estão previstas a curto prazo.
Os ministros das Relações Exteriores dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China) e a Alemanha devem reunir-se terça-feira (2), em Paris. A proposta partiu da França. Em 9 de Maio, será a vez dos chefes da diplomacia dos seis países se encontrarem em Nova York para tentar adoptar uma posição comum perante a crise.

Para Condoleezza Rice, é claro que a perspectiva de uma resolução vinculativa do Conselho de Segurança preocupa o Irã. "Os iranianos estão a fazer tudo o que podem para evitar o Conselho de Segurança. Isso indica, na minha opinião, que eles estão realmente preocupados com medidas que o Conselho de Segurança adopte que possam isolá-los ainda mais", declarou ela à CBS.
Com agências