Com sorteios, Força quer reunir 1 milhão para ouvir Alckmin
Por Bernardo Joffily
Nem só a CUT (Central Única dos Trabalhadores) investe no 1º de Maio. Pelo menos em São Paulo, a central sindical rival, Força Sindical, investe pesado há anos em sua festa
Publicado 30/04/2006 16:05
O lema harmoniza-se com o bordão atual de Alckmin, que promete um “choque de gestão” caso seja eleito. A Força Sindical associou-se a entidades empresariais e à OAB (cujo presidente advoga o impeachment de Lula) em uma “Frente Antiimposto”.
Impostos, uma velha polarização
No 1º de Maio a “Frente Antiimposto” vai colocar 600 pessoas para coletar apoios a um abaixo-assinado. "O objetivo é mostrar claramente ao consumidor o peso do governo sobre os preços e forçar a gestão pública a ser mais barata e eficiente", diz Guilherme Afif Domingos, da Associação Comercial de São Paulo e cotado para vice, pelo PFL, na chapa do tucano José Serra ao governo paulista.
Nâo é novidade. Desde que existem direita e esquerda no mundo, há dois séculos e pouco, os dois pólos se desentendem quanto à carga tributária. A esquerda defende um papel ativo do Estado no desenvolvimento econômico e no bem-estar social – o que significa impostos. A direita deseja o “Estado mínimo”, cada um por si, e apresenta o “imposto mínimo” como principal atrativo de sua pregação.
Um palanque para Alckmin
Assim, Alckmin tem neste domingo um palanque bem preparado no Campo de Bagatelle, e um mestre de cerimônias amistoso no presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva. Paulinho da Força, como gosta de ser chamado, filiado ao PDT de São Paulo, estruturou politicamente a festa deste domingo conforme o seu posicionamento na disputa presidencial de outubro.
Além de Alckmin, devem estar no palanque da Força: o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC); o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL); o prefeito da cidade, Gilberto Kassab (PFL); na esfera empresaria, além de Afif, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf; para não dizser que não se falou do PDT, lá deve estar também o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ao lado de outro “oposicionista de esquerda”, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE). O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ex-presidente da CUT, também deve estar presente, para mostrar que a Força Sindical é pluralista e não discrimina o campo pró-Lula.
Uma receita de sucesso
Afora Alckmin, em São Paulo, nenhum dos políticos desta lista possui maior densidade eleitoral. Mas a Força desenvolve há mais de uma década uma receita de 1º de Maio que tem lhe rendido recordes de público.
Desta vez, cinco apartamentos e dez carros serão sorteados entre os participantes da festa. Além disso, a Força contratou 40 shows, que serão mostrados em dez telões de alta resolução: Zezé di Camargo e Luciano, Rio Negro e Solimões, Guilherme e Santiago, Edson e Huston, Daniel, KLB e Alexandre Pires estão no programa.
Fora da festa, dificuldades da Força
A festa da Praça Campo de Bagatelle tem sido, ano após ano, um ponto forte e um cartão de visitas Força. Em 2005, um dos oradores chamados foi o então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), que levou uma vaia do público apesar dos esforços de Paulinho em contrário.
As dificuldades da Força Sindical não se encontram na festa do 1º de Maio, mas fora dela. Elas consistem em de um lado, reverter para sua atividade de central sindical, nos outros 364 dias do ano, o sucesso de público do ato do Campo de Bagatelle. E, de outro, implantar-se fora de seu nicho originário – São Paulo e mais especificamente os metalúrgicos de São Paulo.
Na Paulista, a festa da rival
Já a CUT tem implantação bem mais esparramada, em termos geográficos e de categorias, em sua invejável pase de 7,3 milhões de trabalhadores filiados. No entanto, em matéria de 1º de Maio, terminou por aderir, em parte e depois de muita discussão, à fórmula de sua rival.
A festa da CUT, na Avenida Paulista, tem a metade da tradição daquela da Força e pretende reunir 500 mil pessoas. Não haverá sorteios, mas shows à vontade: Daniela Mercury, Banda Calypso, Hugo&Tiago, KLB, Sampa Krew, Grupo Pixote, Daniel, Banda Eva, Rick & Renner, Capital Inicial, Wanessa Camargo. No palanque político, o outro lado das polarizadas eleições de outubro: a ex-prefeita da cidade, Marta Suplicy, e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (ambos concorrentes na prévia do PT para governador de São Paulo); os presidentes do PT, Ricardo Berzoini, e do PCdoB, Renato rabelo; o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
Com agências