Chávez: Bases podem desencadear guerra na América do Sul
A concessão de bases militares colombianas para uso dos EUA pode provocar uma guerra na América do Sul, disse ontem o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. ''Essas bases poderiam ser o início de uma guerra na América do Sul. Trata-se dos ianques, o país mais agressivo da história da humanidade'', disse ele, que anunciou novas medidas económicas contra a Colômbia.
Publicado 06/08/2009 15:15
Segundo Chávez, a instalação das bases americanas é um '' ato hostil '' e uma '' verdadeira ameaça '' a seu país. EUA e Venezuela mantém relação tensa. Washington (no governo Bush) chegou a apoiar o fracassado golpe de Estado contra Chávez, em 2003.
O venezuelano disse ainda que a Colômbioa é um ''narco-estado'' que protege paramilitares com o apoio dos Estados Unidos e que agora acusa seu governo de entregar armas à guerrilha colombiana, o que descreveu como uma ''jogada suja e traiçoeira'' de Bogotá.
Em coletiva à imprensa, ele declarou que o verdadeiro motivo das acusações colombianas é a crítica que seu governo faz à instalação das bases norte-americanas.
Chávez mostrou aos jornalistas armas antitanque compradas na Suécia similares às apreendidas das Forças Armadas Revolucionárias da Colîmbia (Farc), e disse que as mostradas por Bogotá são ''uma grande farsa'', pois esse tipo de armas se tornam imprestáveis após serem disparadas uma vez.
Mais ainda, assegurou que o lote confiscado da guerrilha do país vizinho fora de propriedade da força armada venezuelana e roubadas pelas Farc em um ataque ao posto naval venezuelabo de Carabobo em 1995, quantro anos antes de ele chegar ao poder, situação que eua ''conhecida'' pelo governo colombiano.
O presidente perguntou ainda porque a Colômbia nãolança suas acusações aos Estados Unidos, quando confisca armas de fabricação estadunidense. Na sua opinião, a Suécia caiou em uma armação ao pedir explicações sobre o suposto desvio do do lote do armamento, que data da dácada de 80. Chávez disse ainda que, ''por dignidade'', não dará explicações ao governo escandinavo.
Afirmou ainda que sei colega colombiano, Álvaro Uribe, fez a denúncia sobre as armas para encobrir o ''escândalo'' da instalação das bases. Para ele, não é coincidência o fato de a acusação contra a Venezuela ter vindo à tona após seu governo ter ''levantado a voz contra a instalação de bases ianques, que no início eram três, depois viraram cinco e amanhã serão 15''.
Também acusou Bogotá de ter se convertido em uma base de operações norte-americana e ter ''um narcoestado penetrado pela droga'', ao qual o empurrou o império.
''Nós nos sentimos ameaçados por esta decisão. É como se você tem um vizinho louco e armado. Que vizinho é esse, sobretudo quando temos uma área comum, a fronteira comum de 2, 5 mil quilçômetros…''
Chávez afirmou ter sido muito tolerante com a Colômbia. ''Um dos objetivos do império é a faixa petroleira do Orinoco. Estão reorganizando a estratégia e voltam a pôr a mira sobre a Venezuela. para o império, tudo é petróleo'', acrescentou.
De acordo com ele, a Venzuela está disposta a compartilhar sue petróleo com todo o mundo, inclusive os Estados Unidos. ''Porém, se vivem a nos invadir, nãi haverá petróleo para ninguém'', colocou.
O presidente instou seu homólogo dos EUA, Barack Obama, para que retire sias tropas da Colômbia e impulsione uma ''missão de paz'' que busce o fim das operações da guerrilha mediante uma ''solução política''.
De acordo com agências internacionais, o venezuelano disse ainda que planeja comprar '' vários batalhões de tanques '' para ampliar a defesa da Venezuela. Chávez não entrou em detalhes sobre as aquisições, mas a Venezuela já vem negociando a compra de armamentos e aviões na Rússia. Desde 2005, os dois países assinaram contratos no valor de US$ 4 bilhões para a compra de armas.
As medidas económicas contra a Colômbia anunciadas por Chávez são o cancelamento da importação de 10 mil carros colombianos e o bloqueio da exploração petrolífera na região venezuelana de Orinoco por parte da empresa colombiana Ecopetrol. Segundo ele, as relações coma Colômbia não são imprescindíveis à Venezuela, que poderia deslocar o intercâmbio econômbio para países como Argentina e Brasil.
Em Brasília, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, general Jim Jones, disse que os Estados Unidos não vão recuar da negociação com o governo da Colômbia para a utilização de sete bases militares colombianas, defendendo que o acordo entre os EUA e a Colômbia na área militar não significa uma ''mudança dramática da posição'' de ambos os países em torno do combate ao narcotráfico.
''O acordo não traz uma revisão de política, não (é) uma mudança dramática de posição. É o mesmo que nós já fizemos no passado. Talvez, apenas necessite de uma melhor explicação'', afirmou Jones a O Estado de S.Paulo.
Em um artigo publicado no portal Cuba Debate, o ex-presidente cubano Fidel Castro considera que as bases são ''sete punhais no coração da América'' e uma ''dor de cabeça'' para qualquer governo da região.
A ofensiva de Uribe
Alavaro Uribe, que hoje será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já se reuniu com os presidentes do Peru, Alan García; do Chile, Michelle Bachelet; da Bolívia, Evo Morales; e ontem à noite com a argentina Cristina Kirchner. O objetivo é "explicar o acordo com os EUA.
Em sintonia com Chávez, o presidente da Bolívia questionou o acordo entre a Colômbia e os EUA e acusou o governo Uribe de utilizar as Farc para justificar a presença de militares americanos em seu país. Na próxima cúpula de presidentes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), marcada para o dia 10 de agosto, em Quito, ele pretende propor a assinatura de uma resolução em repúdio ao acordo.
Em Santiago, o governo Bachelet manifestou seu "respeito à soberania colombiana" para decidir sobre as bases em seu território. Já Cristina Kirchner deixou clara sua opinião de que o acordo cria um alto potencial de "conflito" na região. E disse que estava preocupada com a situação no continente, que tem sempre a Colômbia como epicentro de problemas: relações rompidas com o Equador, conflito permanente com a Venezuela e agora a questão das bases.
Fernando Lugo, presidente do Paraguai, ratificou o que já havia dito antes do encontro com Uribe, que a Colômbia tem "autonomia e soberania" para negociar a presença de militares estrangeiros em seu território, "desde que isso não ponha em risco a segurança de países vizinhos".
Na manhã desta quinta-feira, Uribe se reuniria com o uruguaio Tabaré Vazquez e, em seguida, com Lula. A grita dos países latinos levou o presidente colombiano a cancelar sua participação na cúpula da Unasul, na qual a Colômbia será representada por um funcionário de segundo escalão.
O objetivo de Uribe é justamente reunirse com seus colegas sul-americanos antes da cúpula presidencial, para evitar uma declaração regional contra o acordo de seu país com o governo americano.
Com agências
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