Lula propõe liderança ambiental do Mercosul e celebra avanços em Montevidéu

Em discurso, Lula ressaltou a capacidade do Mercosul de liderar a transição energética e enfrentar os desafios climáticos globais.

06.12.2024 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do MERCOSUL e dos Estados Associados Edifício MERCOSUL – Montevidéu, Uruguai Foto: Ricardo Stuckert / PR

Durante a 65ª Cúpula do Mercosul, realizada nesta sexta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância do bloco como exemplo global de desenvolvimento sustentável e integração econômica. O encontro marcou a conclusão das negociações do acordo entre Mercosul e União Europeia e a transferência da presidência pro tempore do bloco para a Argentina.

Em discurso, Lula ressaltou a capacidade do Mercosul de liderar a transição energética e enfrentar os desafios climáticos globais. “Nosso bloco tem uma oportunidade histórica de liderar a transição energética e enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas”, afirmou, anunciando a proposta do Mercosul Verde, um programa de cooperação para a agricultura de baixo carbono e exportações sustentáveis.

Justiça climática e liderança na COP30

O presidente reforçou o compromisso do Brasil com metas climáticas ambiciosas, destacando a nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), que prevê a redução de emissões de gases de efeito estufa entre 59% e 67% até 2035. Lula também convocou os países do Mercosul e associados a participarem ativamente da COP30, que será sediada em Belém, no Pará, em 2025.

“Com a COP30 na Amazônia brasileira, nossa responsabilidade aumenta. Precisamos de NDCs ambiciosas para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C”, declarou, enfatizando o papel do Mercosul em liderar globalmente questões ambientais.

Avanços econômicos e integração regional

Lula destacou que a entrada da Bolívia torna o Mercosul a sétima maior economia do mundo, com um PIB combinado de quase 3 trilhões de dólares. O comércio interno do bloco movimenta 55 bilhões de dólares, com 75% desse valor em produtos de alto valor agregado. Ele também celebrou a entrada do Panamá como primeiro Estado Associado na América Central, fortalecendo os laços com a região.

A conclusão do acordo Mercosul-União Europeia foi outro ponto alto do evento. “Estamos criando uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, reunindo mais de 700 milhões de pessoas e um PIB de 22 trilhões de dólares”, afirmou. Lula ressaltou que o texto final preserva interesses estratégicos do Mercosul, como compras governamentais, prazos para abertura do mercado automotivo e mecanismos de estabilidade para concessões comerciais.

Investimentos em infraestrutura e redução de desigualdades

O presidente também enfatizou projetos estratégicos financiados pelo Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (FOCEM), como o anel viário de Amambai (MS), que estreitará relações com o Paraguai. Além disso, destacou o programa Rotas da Integração Sul-Americana, que prevê 190 obras para interiorizar o desenvolvimento e reduzir custos de transporte entre o Atlântico e o Pacífico.

Cooperação global e fortalecimento da democracia

Lula agradeceu o apoio do Mercosul na Cúpula do G20 no Rio de Janeiro e reforçou a necessidade de reformar a governança global para ampliar a representação da América Latina em organismos como a ONU e Bretton Woods.

O presidente finalizou seu discurso com um apelo pela democracia e justiça social, destacando o papel do Mercosul na promoção dos direitos humanos, igualdade de gênero e combate ao racismo. “O Mercosul é mais do que um bloco econômico; é uma ponte para a inclusão e um pilar para a democracia.”

A presidência do bloco agora passa para a Argentina, com expectativas de avanços na integração regional e na cooperação internacional nos próximos meses.

Leia a íntegra do discurso do presidente Lula

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