Governo anuncia financiamento para SP e ministros reagem à trama golpista
Diante dos bolsonaristas Tarcísio e Nunes, Alckmin, Rui Costa e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, defendem democracia e rechaçam plano golpista
Publicado 29/11/2024 12:18 | Editado 02/12/2024 18:07
O governo Lula anunciou, nesta sexta-feira (29), apoio financeiro do BNDES para infraestrutura e mobilidade urbana de São Paulo, num total de R$ 10,65 bilhões. Numa semana marcada pelos desdobramentos da trama golpista envolvendo Jair Bolsonaro e militares e o plano de assassinar o presidente, o vice, Geraldo Alckmin e o ministro do STF, Alexandre de Moraes, as falas dos representantes do governo destacaram a defesa da democracia e das relações republicanas e repudiaram o golpismo e o autoritarismo.
A cerimônia, realizada no Palácio do Planalto, contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não fez pronunciamento, além do governador Tarcísio de Freitas e do prefeito Ricardo Nunes, ambos aliados de Bolsonaro.
Antes de falar sobre o financiamento, Alckmin declarou: “Quero começar celebrando a democracia: como ela é bonita! Passadas as eleições, os entes federados, juntos, estão trabalhando para alcançar o interesse público e o bem comum”.
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O vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços também lembrou de quando foi prefeito de Pindamonhangaba durante a ditadura militar, quando prefeitos eram separados conforme partido político e só tinha reunião com o governo federal quem fosse do partido de sustentação do regime. “Triste período já superado. Hoje, devemos celebrar a democracia e o respeito ao povo, o grande protagonista das mudanças do país”.
Antes, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, salientou o aspecto republicano dos anúncios do governo e, ao falar da trama golpista, destacou que “Lula não se abala” e demonstra “força e convicção do estadista que é”.
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A fala mais contundente, no entanto, foi a de Aloizio Mercadante, presidente do BNDES. Ao tratar da parceria entre os governos federal, estadual e a prefeitura, enfatizou: “Isso só é possível porque, além de o senhor, presidente Lula, ser um grande democrata — e demonstrou isso ao longo de toda a sua vida — tem um profundo compromisso com o pacto republicano. Não é fácil um presidente e um vice presidente, que foram ameaçados de morte e de um golpe de Estado, além de tudo que temos assistido recentemente, manterem a mesma atitude de compromisso e respeito ao voto popular. É assim que a gente vai melhorar esse país”.
Em suas falas, tanto Tarcísio quanto Nunes se desviaram do assunto da trama e do envolvimento de Bolsonaro, abordando apenas o acordo para o financiamento.
Infraestrutura e mobilidade
As obras de infraestrutura e mobilidade urbana de São Paulo que receberam o financiamento fazem parte do Novo PAC e envolvem a Linha 2 do metrô, o trecho norte do Rodoanel, trem intercidades entre a capital paulista e Campinas e ônibus elétrico.
Conforme detalhou o governo federal, a Linha 2 (Verde) — que atualmente liga a Vila Madalena à Vila Prudente — será prolongada por 8,2 km e ganhará oito novas estações até a Penha, onde haverá integrações com a Linha 3 (Vermelha) e a Linha 11 (Coral).
A extensão vai exigir a necessidade de 44 novos trens, produzidos no Brasil. O investimento total é de R$ 6 bilhões, com R$ 3,6 bilhões para os trens e R$ 2,4 bilhões na obra civil. O financiamento do BNDES ao Governo de São Paulo garante que os trens sejam produzidos pela indústria nacional. O projeto tem previsão de conclusão até dezembro de 2028 e vai atender 1,2 milhão de pessoas.
No caso do Rodoanel Mário Covas — que interliga as 12 rodovias que cortam a Região Metropolitana de São Paulo — o contrato inclui a mitigação de impactos ambientais, com 14 passagens de fauna. O investimento total é de R$ 3,4 bilhões, dos quais R$ 2 bilhões destinados à finalização. O financiamento do BNDES é de R$ 1,35 bilhão, o que representa 90% de todo o valor da PPP. A expectativa é de gerar mais de 10 mil empregos diretos e indiretos ao longo da execução da obra.
No que diz respeito ao trem intercidades, que vai conectar São Paulo a Campinas, o governo informou que a intervenção deve gerar mais de 10 mil empregos diretos e indiretos e beneficiar 11 municípios e 15 milhões de pessoas. O investimento total é de R$ 14,5 bilhões, com R$ 6,4 bilhões de financiamento do BNDES para apoiar o aporte do Governo de São Paulo no Eixo Norte da obra.
O serviço expresso entre as duas cidades terá 101 quilômetros de extensão, com serviços paradores entre Francisco Morato e Jundiaí e conexões com os trens intermetropolitanos e a linha 7-Rubi do metrô de São Paulo.
Além dessas ações, foi assinado, com a prefeitura paulistana, contrato de R$ 2,5 bilhões para a aquisição de 1,3 mil ônibus elétricos de fabricação nacional, o que representa 10% da frota. A estimativa é que esses veículos retirem 2,7 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera ao longo de sua vida útil.