Ricardo Nunes volta à mira da PF por “máfia das creches”

Prefeito reeleito de São Paulo será investigado e pode ter a quebra de sigilo bancário e fiscal para apuração. PF obteve aval da justiça para desmembrar inquérito

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) | Foto: Divulgação/Alesp

Não é de hoje que o prefeito reeleito em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), enfrenta acusações sobre o envolvimento no caso chamado de “máfia das creches”. Durante a campanha eleitoral este ano a situação ganhou os holofotes, mas sem avançar como acontece agora, com a Polícia Federal (PF) autorizada pela Justiça a investigá-lo separadamente.

Em decisão proferida na segunda-feira (18) pela 8ª Vara Criminal Federal, a PF agora pode avançar sobres os investigados, entre eles o prefeito, para buscar desvios de valores para creches e lavagem de dinheiro. A investigação ocorre desde 2019.

A suspeita quanto a Nunes recai sobre o período em que era vereador na cidade, entre 2013 e 2020.

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O pedido da PF desmembra a investigação para que, se necessário, sejam realizadas quebras de sigilo bancário e fiscal do prefeito com a finalidade de apuração no caso.

Nunes disse para a imprensa lamentar o fato e nega as irregularidades. Ele coloca que o inquérito já havia sido encerrado sem que fosse indiciado e que acredita que o caso será arquivado.

A suspeita é que uma empresa de dedetização da família do prefeito teria recebido sem prestar serviços nas creches. Segundo Rosângela Crepaldi, uma das investigadas pela PF no caso, Nunes também recebeu diretamente repasses de verbas desviadas de unidades de ensino infantil. Ela chegou a gravar um vídeo acusando o prefeito, que na época da suspeita, em 2018, era vereador. O valor recebido seria R$ 31.590,16.

O caso da máfia das creches já teve mais de cem pessoas indiciadas, entre gestores municipais e responsáveis por unidades conveniadas. Parte do esquema consistia em contratar serviços para receber o valor total desembolado, ou parte dele, sem que os serviços tenham sido necessariamente prestados.

O início das investigações se deu por suspeitas em repasses da empresa Acria (Associação Amiga da Criança e do Adolescente). A entidade recebe mais de R$ 14 milhões por ano em repasses da Prefeitura e gerencia nove unidades. A empresa Nikkey Serviços, que tem como sócias Regina Nunes e Mayara Nunes, mulher e filha do prefeito, era contratada para prestar serviços para a Acria.

Elaine Targino, responsável pela Associação, havia sido funcionária da Nikkey. Informações colocam que a Acria movimentou, no total, R$ 162 milhões e recebeu R$ 49,8 milhões da Prefeitura – agora resta saber o quanto desses valores tiveram destinação irregular.

*Com informações Folha e Uol