PF aponta envolvimento de militares e Bolsonaro em inquérito sobre atos golpistas
Segundo apuração da imprensa, o inquérito estará concluído pela PF, e entregue ao STF, até o final de novembro
Publicado 20/11/2024 16:37
A Polícia Federal (PF) finalizará nesta semana o inquérito sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, que resultaram na invasão e depredação da Praça dos Três Poderes, em Brasília. O relatório, com mais de 700 páginas, será encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e incluirá indiciamentos por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Principais alvos e novas revelações
O inquérito se estende a conspirações descobertas durante as eleições presidenciais de 2022 e no período de transição de governo. Entre os principais alvos estão o ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros de seu governo, como Walter Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI), e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), além de militares de alta patente.
Na última terça-feira (19), quatro militares e um policial federal foram presos preventivamente sob a acusação de integrarem uma facção responsável por planejar o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes.
Documentos e depoimentos obtidos pela PF revelam que os suspeitos discutiram cenários para monitorar e executar os assassinatos. O plano, apelidado de “Punhal Verde e Amarelo,” teria como data marcada o dia 15 de dezembro de 2022, antes da posse presidencial de Lula.
As investigações também apontam reuniões em que Bolsonaro e seus aliados teriam debatido estratégias golpistas. Uma delas, ocorrida em 12 de novembro de 2022 na residência de Braga Netto, teria sido crucial para articular ações contra as instituições democráticas.
Militares e conexões com bolsonaristas
Entre os presos estão o general da reserva Mario Fernandes, ex-ministro-substituto da Secretaria-Geral da Presidência, e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Bezerra Azevedo e Rafael Martins de Oliveira. Segundo a PF, Fernandes atuava como ligação entre Bolsonaro e os manifestantes acampados no Quartel-General do Exército em Brasília. Ele também teria coordenado suporte material e financeiro para os grupos radicais.
Depoimentos de ex-comandantes das Forças Armadas reforçam as acusações. Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e Carlos Almeida Baptista Jr., ex-comandante da FAB, afirmaram que Bolsonaro lhes apresentou uma minuta golpista para evitar a posse de Lula. Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, teria colocado tropas à disposição do ex-presidente.
Impacto político e jurídico
A conclusão do inquérito representa um marco na responsabilização de figuras de alto escalão pela tentativa de subverter a democracia brasileira. Moraes decidirá se levanta o sigilo sobre os documentos antes de enviá-los à Procuradoria-Geral da República (PGR), que avaliará as denúncias.
A apuração também pode aprofundar a crise no campo bolsonarista e ampliar as repercussões jurídicas para Bolsonaro e seus aliados. O relatório poderá consolidar as bases para processos criminais que podem atingir diretamente o ex-presidente.
Após a entrega do relatório, a PF continuará analisando materiais apreendidos na operação de terça-feira, o que pode gerar novos indiciamentos. O ministro Moraes ouvirá Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, nesta quinta-feira (21), em um depoimento considerado estratégico para o fechamento do caso.
Com a conclusão do inquérito, o Brasil se aproxima de esclarecer e responsabilizar os envolvidos nos episódios que colocaram em risco o Estado Democrático de Direito.
Com informações das agências de notícias